Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Celso Nascimento

Tudo se acomoda

Impossível não ver influência política quando se trata de escolher conselheiros do Tribunal de Contas ou desembargadores do Tribunal de Justiça. Por exemplo: por conta própria e sem nenhuma influência ou pressão externa, a Assembleia teria indicado o irmão do governador Roberto Requião, Maurício Requião, para uma vaga no TC?

Mas isso já é coisa antiga e o referido – pelo menos por enquanto – está fora do TC por decisão judicial. Novidade, agora, é o que está acontecendo para a escolha do desembargador que ocupará a vaga do recentemente aposentado Antonio Lopes de Noronha. Há indícios de que acomodações políticas foram colocadas em marcha para que tudo dê certo.

É o seguinte: a vaga em questão é uma daquelas preenchidas pelo critério do "quinto constitucional" – dispositivo que obriga os tribunais a conceder 20% de suas cadeiras a membros do Ministério Público ou a advogados indicados pela OAB, alternadamente. Desta vez, a vaga disponível pertence ao MP, que, dentre mais de uma dúzia de candidatos, formou a lista sêxtupla com os mais votados entre promotores e procuradores.

No próximo dia 27, o pleno do TJ se reunirá para, destes seis nomes, eleger os que comporão uma lista tríplice a ser submetida ao governador. Este, por sua vez, de acordo com sua livre vontade ou conveniência (pessoal ou política), nomeia o novo desembargador.

Pois bem: pela ordem de votação que obtiveram entre seus pares, faziam parte da lista sêxtupla original os promotores e procuradores Antonio Cesar Cioffi de Moura, Ricardo Pires de Albuquerque Maranhão, Paulo Roberto de Lima Santos, Valério Vanhoni, Ângela Khury Munhoz da Rocha e João Henrique Silveira.

Note-se que há dois parentes entre eles: Ricardo Maranhão e Angela Khury – ambos com ligações familiares com o falecido todo-poderoso deputado Aníbal Khury e, consequentemente, do neto deste, o deputado Alexandre Curi, silencioso mas ainda assim principal articulador político do governador na Assembléia e companheiro de cavalgadas.

Fato novo

Esta semana, porém, ocorreu um fato novo: o procurador Ricardo Maranhão desistiu de concorrer, fato sem precedentes. Qual a interpretação que se faz do seu inusitado gesto nos gabinetes e corredores do Tribunal de Justiça? E também em outros corredores e gabinetes alhures, onde as coisas são decididas?

A interpretação é que, por questões políticas, seria conveniente ou necessário que Ricardo Maranhão se afastasse da disputa para facilitar a inclusão de Ângela Khury na lista tríplice. Em compensação, no ano que vem, ele se candidataria à vaga (também do quinto) que será aberta com a aposentadoria do desembargador Carlos Hoffmann, atual presidente do TJ (aliás, outro fato inédito: tanto ele quanto seu vice vão se aposentar compulsoriamente em pleno exercício do mandato!).

A lista sêxtupla, no entanto, não ficará desfalcada. Para o lugar do candidato renunciante foi automaticamente guindado o sétimo mais votado na escolha feita pelo Ministério Público: Ramatis Fávero, promotor de Justiça de segundo grau.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.