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Pode ser mera coincidência. Ou não. Mas o fato é que pelo menos três "assessores especiais" do governador Roberto Requião tiveram de ser afastados às pressas, envolvidos em casos nebulosos. São eles: o advogado Daniel Godoy, o policial Délcio Augusto Rasera e, por último, o jornalista Nonato Cruz.

Com fama de profundo conhecedor dos contratos que permitiram a instalação da Renault e da Volkswagen no estado, Godoy teve seus momentos de glória e poder no alto escalão do Palácio Iguaçu quando Requião, ao assumir o governo em 2003, pretendeu suspender os incentivos fiscais concedidos às montadoras.

No início de 2004, no entanto, o assessor especial foi envolvido no escândalo Valdomiro Diniz – aquele auxiliar do então ministro José Dirceu flagrado cobrando propina de chefes de jogos de azar. Godoy desapareceu do mapa. Nunca mais foi visto em companhia de Requião e nem mais se falou em rever os protocolos das montadoras.

Em 2006 foi a vez do "assessor especial" Délcio Rasera. Foi rapidamente demitido do cargo comissionado que ocupava no 4.º andar do Palácio Iguaçu, um acima do gabinete de Requião, assim que foi preso numa ação da PIC que investigava casos de grampos telefônicos contra magistrados. Há nove meses trancafiado no xadrez de uma delegacia, Rasera foi simplesmente abandonado pelos velhos amigos.

Por último, Nonato Cruz, ocupante de um DAS-2 (R$ 4.600,00 por mês). Foi também exonerado tão logo surgiu a notícia de que se tratava de um ativo colaborador no esquema do empreiteiro Zuleido Veras, dono da construtora Gautama. Não mereceu, sequer, a consideração de ser, há mais de uma década, fiel participante de um grupo de auxiliares que gravita em torno de Requião.

Uma curiosidade: com exceção de Daniel Godoy, cuja atividade no governo era conhecida, sobre Rasera e Nonato ninguém do Palácio até hoje soube explicar direito o tipo de serviço que prestavam.

Tensão e elogios na reunião

Foi tensa a reunião de Requião com a diretoria da Sanepar na última sexta. Sua excelência brigou muito, xingou, mas, como sempre, não demitiu ninguém. Nem ninguém quis se demitir, mesmo após a descompostura. Tudo de conformidade com o modelito tantas vezes aplicado quando de outros escândalos de corrupção ou má gestão descobertos no governo.

A nota destoante foi o elogio de Requião ao ex-diretor jurídico da empresa, Rogério Distéfano. Revelou até que pretendera nomeá-lo procurador geral do Estado quando da demissão de Sérgio Botto. Um argumento pesou contra a nomeação: "Ele é meio doido", explicou aos circunstantes. Presente à reunião, o presidente do Conselho de Administração da Sanepar, Pedro Henrique Xavier, ousou contestar o governador: "Ele é competente, mas deixou uma conta de 700 mil reais de honorários no processo de reajuste da Pavibras". Requião teria trazido à lembrança que os honorários foram devidos porque ele, Requião, foi orientado por outras pessoas – duas delas presentes à reunião – a suspender o pagamento pela via administrativa. A empreiteira entrou na Justiça, ganhou a causa e a Sanepar foi ainda condenada a pagar os honorários advocatícios.

Olho vivo

Lembranças 1 – O tempo passa, o tempo voa e a lembrança de Lerner continua numa boa. O líder do governo na Assembléia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, é um dos que não tiram o ex-governador da cabeça, muito embora seu mandato tenha acabado há quase cinco anos. Na tentativa de embaralhar as mentes que hoje estão mais interessadas em conhecer detalhes sobre o exagero de gastos com propaganda ordenados pelo secretário Airton Pissetti, Romanelli quer incluir na pauta da comissão de investigação aprovada pela Assembléia também os gastos daquela época.

Lembranças 2 – Investigar tudo é bom, até mesmo coisas muito antigas. Entretanto, vale uma observação: os gastos excessivos de Lerner em publicidade poderiam ter sido apurados em 2003, logo que Requião assumiu o mandato anterior. Contava com maioria suficiente na Assembléia para fazê-lo mas não fez. Outra observação: a Assembléia não é uma arena onde se faz jogo para saber quem comete mais irregularidades. E mais uma: ainda que em menor número do que as do tempo de Lerner, as atuais precisam ser investigadas agora – antes que também se tornem coisa antiga – sem a cortina de fumaça pretendida por Romanelli.

Só susto – Por falar em Lerner, ele já está em casa se recuperando do susto coronariano. Conversando com amigos, desmente os boatos de que teria sofrido uma parada cardíaca. Foi apenas uma arritmia que o levou ao hospital. Saiu de lá prometendo aos médicos que vai perder os muitos quilos que tem em excesso e que sobrecarregam seu coração de 70 anos. "Eu gosto muito da vida para perdê-la assim", diz ele.

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