Uma semana após sacramentado o resultado das eleições no Paraná, duas questões permanecem no ar. O que acontecerá com Roberto Requião e Gleisi Hoffmann, e qual o resultado positivo para o Paraná com a acachapante vitória de Beto Richa?
No primeiro quesito, o desmanche explícito de Requião na tevê pode ter explicações na elaboração de um programa ruim com um programa de governo pior ainda. Ficou entre um cover do Requião do passado e um démodé político. Parecia o japonês que veio para o Brasil sem saber falar português e desaprendeu o japonês. Aos órfãos de campanha só restou encaminharem o currículo para Requião Filho na prática a única grande conquista pessoal de Requião pai que assume a Assembleia em janeiro.
Quanto a Gleisi Hoffmann, a desidratação de votos é um sinal de que o PT não é mesmo um partido simpático aos paranaenses. Sem falar no dito conservadorismo do nosso eleitorado, o partido perdeu espaço junto a intelectuais e artistas, e a extrema esquerda já flerta com outras siglas. Falar em mensalão e Petrobras frente à classe média é como mostrar uma cruz para o vampiro Drácula.
Não se pode esquecer, porém, que Gleisi e Requião continuam senadores. Dois generais distantes do front e com diminutos exércitos. O que farão? Buscar forças para 2018? Atuar na eleição municipal de 2016? Certamente não curtirão a aposentadoria política. É como se os cargos tivessem uma espécie de fator previdenciário. Quanto mais tempo nos cargos, melhor. Uma coisa é certa: a posição futura dos dois senadores passa pelo resultado ainda carregado de incógnitas da disputa de Dilma contra o Aécio.
No outro lado da trincheira, a vitória foi muito grande, mas o vitorioso ficou com dívidas de gratidão igualmente aos 17 partidos que juntou em sua aliança. Com tanta gente, só sobrará o garfo e o prato de plástico do bolo da vitória.
A escolha do secretariado será feita com a mesma dose de dramaticidade do filme a Escolha de Sofia. Pelo menos quatro correntes olham com apetite as maiores fatias. O campeão de votos Ratinho Júnior, os chegados a Ricardo Barros, os agregados a Valdir Rossoni, e a turma que frequenta a casa do governador reeleito têm a preferência. Tem ainda a lista do deputado Rubens Bueno, presidente do PPS, e outros mais ou menos prestigiados. Valerá a frase bíblica de que muitos serão indicados e poucos (proporcionalmente!) os escolhidos.
A vitória de Richa no plano estadual e, de modo particular, em Curitiba também terá reflexos na eleição de 2016, quando a prefeitura da capital estará outra vez em disputa. No momento, Gustavo Fruet, que se aliou ao PT em 2012 e, em troca, apoiou Gleisi em 2014, permanece formalmente na oposição a Beto Richa. Mas sabe que terá dificuldades para se reeleger se se mantiver no campo oposto. Vai daí que uma reaproximação com o reino tucano não está fora de suas cogitações.
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