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São cada vez mais consistentes os recados que, por vias transversas e indiretas, o governador Beto Richa faz chegar aos ouvidos do seu (ainda) companheiro de partido, o ex-deputado Gustavo Fruet, de que não terá seu apoio na disputa pela prefeitura de Curitiba, no ano que vem. Richa pretende mesmo conduzir o PSDB, que preside, a sustentar a campanha de reeleição do prefeito Luciano Ducci, do PSB.

Gustavo já percebeu os contornos definitivos dessa decisão e que, portanto, já não adianta esperar mais para buscar uma outra legenda que abrigue sua candidatura. Ofertas há muitas. PV, PDT, PSD, PPS são alguns dos partidos que já lhe abriram as portas – mas com as quais, até agora, o ex-deputado evitou firmar compromissos. As conversas, de lado a lado, nunca passaram de acenos amistosos.

Desde a semana passada, no entanto, Gustavo vem aprofundando as articulações, não ainda visando à imediata filiação a uma nova sigla. O objetivo agora é sentir a viabilidade de formação de uma frente partidária suficientemente ampla que lhe garanta, entre outras condições, maior tempo na propaganda eleitoral e apelo político para enfrentar as máquinas do governo do estado e da prefeitura que estarão do outro lado da trincheira.

Os contatos já começaram e deles já fizeram parte interlocutores que, embora extraoficiais, representaram o PT e o PMDB – as duas mais importantes forças da oposição no estado. Com o PT, ficou mais visível o encontro de interesses: a eleição de Gustavo para a prefeitura de Curitiba em 2012, em oposição a Beto Richa, constitui elemento facilitador da necessária candidatura petista ao governo do estado em 2014 – ano em que o PT também estará empenhado em manter a Presidência da República.

Entre grandes e pequenos

O nome mais viável que o PT apresenta agora para disputar com Beto Richa a eleição estadual é o da senadora Gleisi Hoffmann. Qualquer avaliação que se faça nesse momento sobre suas chances eleitorais passa, necessariamente, pelo apoio político que puder obter em Curitiba. Logo, para os petistas, que não dispõem de candidatos fortes para a prefeitura, passou a ser importante aproximar-se de Gustavo Fruet – ainda que a pretendida aliança se faça apenas num eventual segundo turno.

O PMDB sofre também com a escassez de candidatos viáveis na capital. Lançou como balão de ensaio o ex-prefeito Rafael Greca que, entusiasmado com a ideia, até já iniciou sua campanha. Embora suas últimas participações eleitorais tenham obtido pouco sucesso em Curitiba (que lhe negou votos suficientes para eleger-se duas vezes deputado estadual), pode ser importante para provocar o segundo turno e levar seu partido à frente de apoio a Gustavo.

Exatamente por estes motivos, a opção partidária de Fruet provavelmente será por uma legenda menor, mas ao mesmo tempo que não crie embaraços à atração de tantas outras quanto seja possível. É com elas que o candidato tratará, agora, de aprofundar suas conversas para se definir talvez ainda neste primeiro semestre.

Olho vivo

Mal-estar 1

Permanece o mal-estar que separa os professores da recém-criada Unespar – a nova universidade estadual do Paraná – do governo do estado. O mal-estar começou no início do mês, quando o governador Beto Richa exonerou o primeiro reitor, professor Zeferino Perin, nomeado em dezembro pelo governo anterior. O secretário Alípio Leal, de Ciência e Tecnologia – pasta à qual está vinculado o ensino superior – assumiu a função e nomeou o vice, Marco Aurélio Visintin, para representá-lo.

Mal-estar 2

Foi o que bastou para se iniciar o movimento de revolta dos professores das seis faculdades isoladas que passaram a compor a Unespar. Consideraram ilegais as decisões do governo. Na semana passada, outro episódio demonstrou a insatisfação: contra orientação superior, a Faculdade de Artes do Paraná (FAP) se recusou a aceitar uma direção temporária e manteve a decisão de fazer eleição interna, como manda o regimento. Outras faculdades podem seguir o mesmo caminho.

Mal-estar 3

A propósito, o vice-reitor Marco Aurélio Visintin, que os colegas diziam (e esta coluna registrou no dia 5 passado) não poder assumir o cargo por não dispor de mestrado, apresentou desmentido: diplomou-se em 2001, no Cefet, em Engenharia Elétrica e Informática Industrial. O grau, porém, não consta do currículo Lattes atualizado em 2008, principal fonte de informação sobre titulação acadêmica do país.

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