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"O padre Roque só não dividia o próprio salário."

De Requião, ontem à tarde, durante visita-surpresa à secretaria do Trabalho, onde foi conhecer detalhes da opção preferencial pelos pobres do ex-secretário Roque Zimmermann, que tirava parte do salário dos servidores que recebiam mais para dá-la aos que ganhavam menos.

Não é incrível? O ex-procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, foi contratado ontem por Zé Dirceu – aquele mesmo – para atuar como seu advogado. Missão: defender o ex-ministro de Lula nos tribunais superiores da acusação de ser o criador e articulador do esquema do "mensalão".

Os dois se encontraram ontem no final da tarde, em Curitiba, em lugar reservado. Combinaram tudo – desde as primeiras estratégias de defesa até os honorários, evidentemente não revelados. Botto vai trabalhar em dupla com um amigo, o ex-diretor jurídico da Sanepar, Rogério Distefano.

Oficialmente, Zé Dirceu está em Curitiba para participar de uma reunião da facção petista Campo Majoritário, hoje pela manhã, no requintado cinco estrelas Hotel Bourbon, escolhido pelo deputado federal Ângelo Vanhoni. Às 10 horas, o ex-ministro dá coletiva à imprensa no salão All Seasons do hotel.

Brincando de esconde-esconde

O jogo de esconde-esconde tem sido a brincadeira preferida da bancada governista na Assembléia. Ontem, ela atingiu seu ponto máximo (até aqui!) quando, para evitar a instalação da CPI das ONGs, decidiu desistir das cinco outras que ela própria propôs. Então ficou assim: não se investigará mais nada, nem do atual governo nem do governo Lerner.

A CPI das ONGs foi proposta pelo deputado Fábio Camargo, também governista. Seu objetivo era o de apurar supostas irregularidades na destinação de recursos públicos para organizações não-governamentais com as quais o estado mantém convênios. Camargo diz ter obtido apoio de Requião antes de requerer a CPI e que teria recebido carta branca para ir a fundo nas investigações.

Depois de aprovada, surgiram as denúncias levantadas pelo novo secretário do Trabalho, Nelson Garcia, envolvendo seu antecessor, o padre Roque, e o diretor-geral, Emerson Nerone. As denúncias diziam respeito à formação de "caixinhas" com recursos provenientes de manipulação de salários de servidores e de convênios com ongs.

De repente, a CPI das ONGs deixou de interessar ao governo – principalmente depois que o padre Roque e Emerson Nerone mandaram espalhar a clássica ameaça de "contar tudo" sobre o destino do dinheiro para não arcarem sozinhos com a culpa.

Cumprindo ordens superiores, o líder do governo na AL, deputado Luiz Cláudio Romanelli, mandou sepultar esta e todas as demais comissões. Não sem antes ter protagonizado cenas impublicáveis em parceria com o colega Fábio Camargo.

Olho vivo

Mãos limpas 1 – Durante a reunião do Mãos Limpas, ontem de manhã, Requião comentou a situação do diretor-geral da Secretaria do Trabalho, Emerson Nerone. O governador disse que se tivesse demitido Nerone ele estaria julgando antecipadamente. Sua decisão foi mantê-lo no cargo até que as investigações policiais, conduzidas pela Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio, sejam encerradas. A partir daí, se ficar estabelecido que Nerone tem culpa, ele demite.

Mãos limpas 2 – Antes, porém, de saber se Roque e Nerone são inocentes, a Agência Estadual de Notícias divulgou nota, na sexta-feira, com elogios de Requião a ambos.

Mãos limpas 3 – O secretário Nelson Garcia, orientado pelo padrinho Hermas Brandão, não pensa como Requião. Acusa seus antecessores de manipular salários de servidores, arranjar notas frias em compra de alimentos e hospedagens em hotéis e usar ongs fantasmas em programas de qualificação.

Mãos limpas 4 – Roque e Nerone não aceitam a idéia de aparecer como beneficiários ou únicos culpados nessa história. Insinuam que alguns recursos teriam sido usados na campanha da reeleição, especialmente os provenientes de convênios na área da Secretaria da Educação.

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