Ninguém duvida que o circo está pegando fogo. Aqui no Paraná de Beto Richa, em muitos outros estados e no país de Dilma Rousseff. Mas o que mais espanta é o comportamento daqueles que também têm responsabilidades pela calamidade vigente. Assemelham-se ao tresloucado imperador Nero que tocava lira enquanto contemplava Roma sendo consumida pelo incêndio que ele próprio ordenara.

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Assim, apesar do sufoco de caixa e dos sacrifícios impostos à população para participar do esforço em favor de um suposto saneamento das contas públicas...

• Os deputados federais instituem a bolsa-avião para as esposas e/ou companheiros(as) de suas excelências. As madames agora podem ir e voltar de Brasília para suas cidades às custas do contribuinte.

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• Os deputados estaduais do Paraná tentaram (mas em seguida recuaram) inflar as verbas de gabinete para cerca de R$ 120 mil mensais, dinheiro também do contribuinte que os parlamentares podem usar para contratar até 23 assessores e pagar despesas como restaurantes, correio, telefone etc. Com o recuo, terão direito a pouco menos de
R$ 100 mil.

• O Tribunal de Contas do Paraná estende para seus próprios conselheiros, auditores e procuradores o auxílio-moradia de R$ 4,3 mil mensais.

• A Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar) requer ao Tribunal de Justiça que pague retroativamente cinco anos de auxílio-moradia.

• A presidente Dilma Rousseff joga a culpa da corrupção atual na Petrobras para a década de 90, quando Fernando Henrique governava o país.

• Em praça pública, um dia depois que petistas espancaram manifestantes no Rio, Lula convoca o “exército do Stédile” (mentor do MST) para dar combate aos críticos da corrupção, aos que gritam “fora Dilma” e aos que, na sua visão, querem destruir a Petrobras.

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• O juiz que apreendeu bens de Eike Batista passa a usar o Porsche de meio milhão do falido empresário; o piano, de R$ 85 mil, ele emprestou para o vizinho, que reclamou que o instrumento estava desafinado.

Dúvida cruel 1

Primeiro titular da Secretaria de Segurança Pública, no mandato anterior de Richa, o delegado federal Reinaldo de Almeida Cesar foi quem tomou a iniciativa de criar o Funesp (Fundo Especial de Segurança Pública do Estado do Paraná). A ideia do fundo, alimentado por repasses do Detran, era a de complementar o esquálido orçamento da secretaria, sempre insuficiente para atender às demandas do combate à criminalidade.

Dúvida cruel 2

Pois bem: Reinaldo está agora inconformado com a decisão do ex-chefe de transferir os recursos do Funesp para o caixa único do estado. E lança uma dúvida cruel: “Daqui a pouco, um novato da faculdade de Direito, analisando este temerário movimento do governo, vai dizer que isto se trata de improbidade administrativa ou infração político-administrativa. Em português claro, crime de responsabilidade”, diz o
ex-secretário.

Haja coração!

Enquanto isso, na terra das araucárias, o governador Beto Richa também se mostra hábil no manejo das cordas da sua lira particular. Certamente já seguindo instruções do marqueteiro contratado, joga para a plateia com o anúncio de que o próprio salário e o dos secretários permanecerá congelado por um ano – gesto ventoso e simbólico que em nada “refresca” o fogaréu que ele deixou prosperar no primeiro mandato.

Apela também à mídia para se penitenciar dos “erros” que cometeu – mas ainda assim, embora tenha recuado em alguns pontos do pacote de maldades que atingiria especialmente os educadores, reafirma sua intenção de lançar mão dos R$ 8 bilhões que os servidores depositaram na Paranaprevidência. Seu secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, um crítico da gestão passada (de Richa) diz que é quase tudo quanto sobra para equilibrar as contas.

A credibilidade do governador provavelmente não deve ter melhorado após a entrevista que concedeu à Folha de S. Paulo, publicada na última sexta-feira (27). Nela, Richa afirma que se as finanças estaduais estão ruins foi em razão de sua coragem em peitar gastos maiores do que podia pagar.

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“O que interessa para a população são as obras. As dívidas nós vamos administrando”, disse ele à Folha. Por isso, pôs na conta das obras realizadas – e não na imprudência – o rombo nas contas. Citou uma obra: a duplicação da PR-445, no Norte do estado – uma PPP rodoviária tocada pela construtora Triunfo a ser paga pelo pedágio a ser recolhido dos usuários.

Não seria o caso de chamar os bombeiros em vez de tocar lira?