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O governo estadual se prepara para mandar à Assembleia um projeto de lei que prevê a concessão de crédito a juro de 0,5% ao mês aos empresários que se comprometerem a garantir o emprego de seus funcionários. Quem dispensar empregado depois de pegar o empréstimo perde o benefício: terá de pagar juros de mercado pelo financiamento que obteve. Quem vai operar esta sistemática, anunciada pelo governador ontem, na "escolinha", é a Agência Estadual de Fomento.

Um apedeuta de plantão, depois de ouvir a ideia, pensou: empresário geralmente busca empréstimo (seja para giro, como é a proposta, seja para investimento) para poder modernizar seus sistemas de produção. Ele compra máquinas e equipamentos que lhe permitam produzir mais e melhor e a custos mais baixos. Nessa ideia sempre está embutida a possibilidade de que, agindo assim, vai economizar no item geralmente mais oneroso do processo produtivo, isto é, na mão-de-obra. Então, ele coloca uma máquina no lugar de dez operários...

Esse fenômeno é conhecido desde os tempos da Revolução Industrial da Inglaterra, nos séculos 18 e 19. No Paraná, pensa-se de modo diferente: quer se conceder empréstimos a empresários que não pensem em modernizar seus estabelecimentos. Em alguns países exemplares – Japão, Tigres Asiáticos, Alemanha, etc – a política de geração de empregos se faz de outro modo: incentiva-se a modernização para que a economia ganhe escalas competitivas, dinamize a circulação de bens e serviços e, consequentemente, os empregos que se perdem de um lado apareçam de outro.

Em muitos lugares isso deu certo. No Japão, nos Tigres Asiáticos...

Nunca antes neste governo...

Nunca antes neste Paraná o governo anunciou tantas realizações ao mesmo tempo. Ontem foi o dia em que o governador resolveu mostrar serviço. Além do crédito a juro baixo para microempresários, anunciou também:

• dez novas obras no Porto de Paranaguá;

• a criação de um comitê para estudar a preservação de empregos;

• liberação de recursos para prefeituras municipais;

• investimentos nas Estradas da Liberdade;

• aposentadoria especial para diretores de escolas e dobra de padrão para os professores.

Até parece que já estamos perto da eleição.

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Olho Vivo

Lugar errado?

Relatório de uma inspeção realizada pela OAB-PR em 17 cadeias de Curitiba aponta que, para 475 vagas existentes, há 1.450 detentos – mil a mais do que as celas comportam. Em Foz do Iguaçu, segundo o governador do estado, há 300 vagas sobrando no recém-inaugurado presídio local. Ociosidade também se constata em outras cidades do interior que ganharam unidades novas. Pergunta-se: construíram presídios nos lugares errados?

José Serra e...

Pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, aponta o governador de São Paulo, José Serra, como favorito absoluto na corrida pela presidência da República. Num dos cenários, ele aparece com 42,8% das preferências. Dilma Rousseff e Heloísa Helena estão brigando pelo segundo lugar, com 13,5% e 11,2%, respectivamente.

... o troca-troca

A persistir esse quadro e diante da evidência de que o alto prestígio de Lula (pela mesma pesquisa, ele atingiu o recorde de 84% de aprovação) não se transfere com facilidade para o candidato que apoiar, a sucessão estadual tenderá a se adaptar a ele. Ou seja: que a expectativa de vitória certa de Serra será a força motriz para as acomodações locais, favorecendo o candidato tucano que for lançado aqui. O que significa que, quando for aberta a "janela da infidelidade", as bancadas partidárias na Assembleia serão bem diferentes – o troca-troca será intenso.

"Picaretagem" 1

O governador Roberto Requião classificou ontem, na escolinha, de "picaretagem" a iniciativa do empresário João Carlos Ribeiro de construir um porto privado no Pontal do Poço. Ele não concorda com o terminal privado e quer aproveitar o local (20 metros naturais de calado) para fazer um porto público, o Porto do Mercosul.

"Picaretagem" 2

Requião lamentou a decisão de um juiz de Brasília que anulou o decreto que assinara no ano passado desapropriando a área e criticou a confusão no governo federal: enquanto Lula, segundo Requião, apoia a sua iniciativa, o Ibama patrocina audiência pública para referendar o projeto privado. O governador tem esperança de revigorar o seu decreto de desapropriação e dar início em seu governo à construção do novo porto.

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"Não dá para suportar isso. A violência só aumenta e, enquanto isso, o número de policiais só diminui."

Do deputado Mauro Moraes, do PMDB, partido do governo, lembrando que em 1982 o Paraná contava com o dobro de policiais em relação ao número atual.

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