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As ações da Copel tiveram valorização recorde na Bovespa, ontem, de quase 6%, recuperando perdas acumuladas desde que, há 20 dias, anunciou que participaria do leilão de pedagiamento de estradas federais. A empresa ficou em 6.º lugar no leilão – realizado também ontem, na mesma Bovespa, e vencido na espanhola OHL.

Mera coincidência? Não. O aumento das ações e o sepultamento da idéia de virar concessionária de rodovias são dois fatos que guardam estreita correlação: os investidores, que antes temiam pelo futuro da empresa e se desfaziam das suas ações, voltaram imediatamente às compras assim que a Copel foi derrotada.

Mas não foram apenas os investidores que se alegraram. Mesmo na surdina, como convém no regime bolivariano vigente, copelianos velhos de guerra também festejaram a derrota da empresa. Houve até um grupo de inconformados funcionários que, ontem à noite, depois do expediente, comemorou com churrasco, cerveja e rojões o fato de a empresa ter se livrado da aventura a que tinha sido lançada por Requião.

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Como antecipado ontem nesta coluna, o grupo que, inicialmente, havia se associado à Copel para participar do leilão também apresentou proposta. Usou a denominação de Consórcio PR/SC. Era formado por quatro empresas: a Construtora Espaço Aberto, de Santa Catarina, e as paranaenses Greca Asfaltos, Viaplan e TIC Transportes.

Também como previsto, o valor da tarifa que este grupo apresentou (R$ 1,610) foi mesmo menor do que o proposto pela Copel (R$ 1,950) – muito embora os estudos técnicos tenham sido realizados em conjunto. Presume-se, portanto, que um conhecia a proposta do outro. Logo, a Copel entrou no leilão sabendo que ia perder – mas deu chance para que o grupo amigo ganhasse. No jargão policial, a esse tipo de artimanha dá-se o nome de "segunda". Tudo muito estranho.

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O Banco Central é aqui

Já se disse muitas vezes que, no Paraná, leis e decretos são baixados de acordo com as circunstâncias, não importando se são legais ou não. O que importa é o interesse imediato ou as segundas intenções cabuladas pelo chefe – mesmo o próprio sabendo que os tribunais vão derrubá-los. Ontem surgiu a enésima iniciativa da espécie.

De repente, o governador vestiu a roupa de presidente do Banco Central e baixou decreto impondo limites na taxa de juros cobrados pelos bancos nos empréstimos consignados para os funcionários. Aliás, nem o BC decreta um negócio desses, pois equivale a revogar a lei da oferta e da procura.

A idéia de Requião até pode ser boa, pois admite-se a hipótese de que seu decreto é um belo gesto de proteção dos servidores contra a espoliação dos bancos. Mas entre a boa intenção e a legalidade a distância pode ser grande. Basta que um banco interessado entre na Justiça para que a boa intenção se transforme em pó.

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Olho vivo

Motim 1 – Há um motim a bordo no PPS curitibano: os revoltosos estão irritados com os preparativos para o lançamento da candidatura de Renata Bueno, filha do presidente Rubens Buneo, à Câmara de Vereadores. O temor é de que, a exemplo do que aconteceu na eleição de 2006 (quando Renata disputou uma cadeira na Assembléia e o pai o governo do estado), a máquina do partido se concentre na sua campanha em detrimento da dos demais candidatos.

Motim 2 – Dizem os amotinados que, a pedido do Rubens, Renata até já teria transferido seu domicílio eleitoral de Campo Mourão para Curitiba. Os amotinados interpretam este movimento como um sinal de que Rubens Bueno já teria desistido de disputar a prefeitura da capital, pois, se for candidato, ficará moralmente impedido de privilegiar a candidatura da filha.

Infiéis 1 – O ex-deputado André Zacharow, suplente da vez da bancada do PMDB na Câmara, esperava que o diretório estadual do partido requeresse à Justiça Eleitoral a vaga do infiel Hidekazu Takayama – um dos recordistas nacionais de mudança de sigla. O diretório se reuniu segunda-feira com a reta intenção de tomar esta medida, mas acabou transferindo a responsabilidade para a direção nacional.

Infiéis 2 – A informação corrente é de que o PMDB estadual teria recebido orientação de Requião para preservar o mandato de Takayama. Com isso, Zacharow foi mais uma vez preterido pelo governador: derrotado nas urnas de 2006, ele espera até hoje o cumprimento da promessa de que ganharia um cargo no governo.

Infiéis 3 – A exemplo de Takayama, Zacharow, que exerceu mandato federal na legislatura passada, também ficou conhecido pelo intenso troca-troca partidário: começou a carreira política no PFL, foi eleito pelo PDT, mas passou pelo PP, PSB e PMDB durante o mandato – quatro siglas em quatro anos.

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"Ficou provado que a participação da Copel no leilão do pedágio era apenas mais uma bravata de Requião"

Do deputado Eduardo Sciarra (DEM), ontem, na câmara federal.

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