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Quem é mais prevatista do que o outro? É nesse ponto que estão paradas as acusações mútuas que se fazem os candidatos Beto Richa e Osmar Dias – embora ambos concordem que as empresas pú­­blicas do estado devem ser mantidas longe da privatização.

Osmar lembra que o adversário pertence ao mesmo partido de Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente que privatizou algumas das antigas joias da coroa estatal, como a Vale do Rio Doce, a Embratel, a Telebras e tantas outras. E lembra, também, que Beto, quando deputado, votou pela privatização do Banestado e apoiou a tentativa de botar a iniciativa privada no comando da Copel.

Beto responde: Osmar é apoiado agora por Requião que, na campanha de 2006, o acusava de privatista e de ser aliado dos que criaram o pedágio e tramaram a venda do Banestado, da Copel e da Sanepar.

Fossem essas afirmações verdadeiras e representassem, de fato, as convicções dos candidatos – conclui-se que ambos agora se converteram à moda bolivariana de que o Estado deve ser o senhor absoluto do controle das empresas de prestação dos serviços públicos.

"Modus in rebus", diria o velho advogado ainda adepto do latinismo. Moderação nas coisas: nem a estatização é um bem absoluto, nem a privatização é solução mágica para garantir eficiência e qualidade dos serviços. Na verdade, debate mais profundo seria um que pudesse dissecar o verdadeiro papel do Estado na sociedade moderna, de modo a assegurar que o cidadão seja melhor atendido em suas necessidades, quer estejam os serviços atrelados ou não ao setor público ou à iniciativa privada. Esta é a questão fundamental.

Beto Richa se aproxima desse conceito ao afirmar – como o fez nesta semana para se distanciar do estigma de privatista – ser ferrenho defensor das empresas públicas, mas "modernas e eficientes", ao contrário do estatismo requianista responsável pelos males de que sofrem hoje a Copel, a Sanepar e o Porto de Paranaguá – símbolos da ineficiência e da incapacidade de investir. "Não temos a menor intenção de privatizar nenhuma companhia pública", jurou.

Se depender das boas intenções de Beto Richa, o Paraná poderá se considerar um estado feliz sob seu governo. Mas, entre boas intenções e vida pregressa há diferenças que não podem ser desconsideradas pelos eleitores, aos quais se recomenda que, antes de decidir em quem votar, não o faça simplesmente em razão das promessas futuras mas após exame de sua experiência como administrador.

O ex-prefeito, ao longo dos seus dois mandatos (o segundo durou só um ano), teve a oportunidade de mostrar o quanto as empresas públicas municipais poderiam ter se tornado mais modernas e eficientes. Mas preferiu replicar, por exemplo, com o transporte coletivo a mesma "bondade" que Requião fez com a energia elétrica e com a água – isto é, baixou ou não atualizou tarifas.

O resultado foi o endividamento da Urbs (uma empresa pública municipal) e a decadência dos serviços de transporte da capital. Que não se fale do fracasso na constituição do Sipar para industrializar o lixo e nem da intervenção branca no Instituto Curitiba de Saúde pela ANS – outros exemplos de que discursos devem ser submetidos ao mesmo critério latino: "modus in rebus", data venia.

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Olho vivo

Pesos e medidas 1

180 mil dólares em notas de 100 formam uma pilha de aproximadamente 40 centímetros de altura. Se colocadas em sequência, no sentido do comprimento, formariam uma fila de quase 300 metros – distância que um jogador percorreria para cruzar três vezes um campo de futebol. É esse dinheiro que sumiu do guarda-roupas do ex-superintendente da Appa, Eduardo Requião, e que ele levou quase um ano para notar. E só então é que procurou a polícia para se queixar da empregada.

Pesos e medidas 2

Organizadores do primeiro comício com a participação do presidente Lula esperam reunir pelo menos 30 mil pessoas às 10 horas da manhã do dia 31, na Boca Maldita.

Dá licença? 1

Recomeçaram as discussões entre o Ibama e o Porto de Paranaguá para fixar novos prazos para o cumprimento das normas necessárias para a concessão da licença ambiental. Trata-se da segunda tentativa. Em outubro do ano passado, a autarquia havia assinado com o Ibama um Termo de Ajuste de Conduta pelo qual se comprometia a tomar as providências devidas. Não cumpriu e o Ibama lacrou o porto, punição que a Justiça revogou em 12 horas.

Dá licença? 2

Sem esta licença, o porto pode esquecer as obras de modernização que prometia fazer – dentre as quais a vital ampliação do Cais Oeste. O que significa que, se tudo der certo, isto só poderá acontecer no próximo governo.

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