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Olho vivo

Meia volta 1

O Detran voltou atrás na tentativa de obrigar os proprietários de carros novos a se submeter ao cartel em formação dos fabricantes de placas. A intenção era transferir à Associação dos Fabricantes a incumbência de emitir um só boleto bancário no qual estariam incluídos o preço único das placas (R$ 133,00), a taxa usual do Detran (R$ 16,50), biometria dos donos de carros e a imposição de novo lacre – tudo importando cerca de R$ 160,00.

Meia volta 2

Ontem, depois de audiência na Assembleia, o Detran recuou: suas taxas serão cobradas em boleto à parte e os donos dos veículos poderão fazer placas nas empresas que oferecem melhor preço, até R$ 50 mais barato. Mantida a intenção inicial, em que a Afaplacas é que arrecadaria total e faria a transferência ao Detran da pequena parte que lhe cabe, passariam pelo controle de caixa da associação perto de R$ 50 milhões por ano. A quem interessava?

Antenas

O deputado federal André Vargas está aborrecido com a interpretação que andaram fazendo em relação ao seu pedido de urgência para a chamada Lei das Antenas. O projeto isenta as operadoras de telefonia de pagar às concessionárias pela instalação de antenas à margem das rodovias. Seriam R$ 100 milhões no caso paranaense. Vargas foi acusado de querer subtrair recursos do DER, mas ele contesta: "O que eu não quero é dar mais dinheiro para as pedageiras".

Muito elevado

Enquanto na sede atual da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) a manutenção dos dois elevadores foi licitado por R$ 900, no prédio 5 Estrelas da futura sede, o custo para serviço similar saiu por R$ 25 mil. Comparando a situação e os números, pergunta-se: os três elevadores do hotel estavam em tão más condições?

O horizonte começa a parecer mais iluminado para o governo do estado concluir a gestão com um volume, digamos, razoável de realizações. É que estão praticamente superadas as pendências que impediam o Paraná de conseguir autorização da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para contrair empréstimos junto a instituições nacionais e internacionais.

Diante disso, a perspectiva de o caixa ser abastecido com R$ 3,5 bilhões em financiamentos abre condições para o governo, enfim, mostrar serviço no que se refere principalmente a investimentos – parcos demais nestes quase três primeiros anos da gestão.

Não se esqueça, também, que já está quase pronto o aparato legal elaborado em admirável sintonia entre o Executivo e o Judiciário para que os depósitos judiciais venham a ser sugados pelo caixa único a ser gerido pela Secretaria da Fazenda. Seriam, calcula-se, mais R$ 6,5 bilhões a que, teoricamente, o governo teria acesso – caso a iniciativa de criação da superconta não esbarre numa ação de inconstitucionalidade, como pretende a OAB-PR.

Em depoimento na Assembleia, na última terça-feira, o secretário Luiz Carlos Hauly reconheceu as dificuldades financeiras do Paraná e não esqueceu de insinuar que a escassez de recursos e de obras pode comprometer o projeto reeleitoral a ser disputado no ano que vem.

A esperança de reverter o quadro se equilibra apenas sobre as duas novas fontes de abastecimento do cofre, já que, sendo impossível reduzir despesas ou aumentar receitas tributárias na mesma proporção, a tendência até o fim do ano é de se multiplicar em muito o déficit de R$ 100 milhões já constatado no primeiro quadrimestre deste ano.

Com baixas taxas de aprovação no interior e principalmente na região de Curitiba – aqui concentrados mais de 30% do eleitorado estadual –, o governo teme enfrentar com êxito os adversários que se apresentaram até agora para a disputa. À candidatura da ministra Gleisi Hoffmann, do PT, em "dobradinha" com a presidente Dilma Rousseff e com o apoio do prefeito Gustavo Fruet, pode se juntar o corrosivo discurso de outro virtual candidato, o senador Roberto Requião, se as alas cooptadas do PMDB não conseguirem abatê-lo antes.

O cenário é de decisão em segundo turno, que o governo tem consciência que lhe será mais favorável se conseguir reverter a sensação de inoperância. Como diria a música – dinheiro na mão é vendaval –, o discurso de campanha não precisaria ficar restrito a alguns feitos inegáveis, como a atração de investimentos privados, o crescimento do PIB estadual e a criação de empregos, todos acima da média nacional. Muito dinheiro em caixa e muitos canteiros de obras são os trunfos com que conta o atual grupo político que comanda o Paraná.

Lembrando que a campanha estará nas ruas em um ano, a pergunta é: dará tempo?

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