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Os institutos Datafolha e Vox Populi divulgaram nesta semana novas pesquisas sobre a corrida eleitoral em Curitiba. Basicamente, não divergem entre si: mantém-se a mesma situação já detectada em sondagens anteriores e que mostra a polarização entre Ratinho Jr. e Luciano Ducci, os mais prováveis oponentes diretos no segundo turno. Em terceiro e quarto lugares aparecem Gustavo Fruet e Rafael Greca, ambos – admitindo-se a confiabilidade das pesquisas – já fora da possibilidade de figurar na disputa final.

Significa, então, que as pesquisas não trouxeram nenhuma novidade? Ledo engano: a novidade é exatamente a falta de novidade a apenas uma semana do dia da eleição. Basta um olhar superficial em seus números para, comparando-os com rodadas anteriores, constatar que o eleitorado curitibano está apresentando grande resistência para se empolgar com qualquer dos candidatos – mesmo em relação ao primeiro colocado, Ratinho Jr.

Peguemos o Datafolha. Na pesquisa de três semanas atrás, Ratinho estava com os mesmíssimos 32% da rodada divulgada na última quinta. Luciano caiu de 26% para 25% e Gustavo subiu de 16% para 17% – ou seja, ficaram no mesmo patamar em que estavam, já que suas variações situaram-se dentro da margem de erro de 3 pontos porcentuais. O único que variou positivamente acima da margem de erro foi Rafael Greca, cuja candidatura cresceu de 7% para 11%.

E qual seria a causa dessa quase generalizada estagnação do quadro? Se fizessem essa pergunta ao estrategista político do ex-presidente Clinton, dos Estados Unidos, ele certamente responderia mais ou menos assim: "É a rejeição, estúpido!" Carville, na verdade, atribuía à crise econômica deixada por Bush-pai, em 1992, a razão do sucesso eleitoral de Clinton – daí o famoso slogan "É a economia, estúpido".

Aqui, na eleição da província, o fator rejeição é que mostra a sua cara. De fato, os candidatos patinam na mesma posição porque, ao invés de conquistar mais votos, eles têm mais é conseguido aumentar seus índices de rejeição. O caso mais gritante é o do prefeito Luciano Ducci, que em três semanas viu o índice de eleitores que não votariam nele de jeito nenhum crescer de 23% para 29%. Seis pontos porcentuais de diferença – o dobro da margem de erro – e que o colocou pela primeira vez em primeiro lugar entre os mais rejeitados. Nessa marcha, corre sérios riscos.

Ratinho Jr. e Gustavo Fruet experimentaram situação semelhante, porém em menor escala. A rejeição ao primeiro subiu de 21% para 23%, e do segundo de 11% para 13%. Fenômeno inverso se deu com Rafael Greca, anteriormente o campeão da rejeição: de 28% caiu para 26%. O que pode explicar, em parte, o crescimento dos seus eleitores de 7% para 11%. Outra parte do seu crescimento talvez possa ser creditada à conquista de um bom naco de indecisos.

No Vox Populi a situação não é diferente. Com relação à rodada anterior, com entrevistas realizadas no fim de agosto, a rejeição a Ducci e a Ratinho Jr. subiu de 14% para 17%. De Fruet, de 4% para 6%. A de Greca caiu de 22% para 15%.

Pelo Vox Populi também se observa que os candidatos pouco saíram do lugar de uma rodada para outra. As variações ficaram próximas ou dentro da margem de erro: a única vantagem foi para Ratinho, que saiu de 29% para 33%; Ducci caiu de 27% para 23%; Gustavo permaneceu nos mesmos 15%, assim como Greca nos mesmos 9%.

As causas da rejeição

Os institutos de pesquisa não explicam as causas da crescente rejeição aos candidatos. Mas a observação sobre como transcorre a campanha, especialmente nas últimas semanas, é suficiente para permitir inferências a respeito. A primeira delas é a dedicação dos candidatos à tarefa de atacar os adversários. O chumbo trocado com tanta intensidade acabou por atingir a todos. E com certeza alguns tiros ricochetearam.

Mas, sem dúvida, mais ferido ficou o prefeito candidato à reeleição. Se atirou forte nos três adversários, recebeu de cada um deles saraivadas em dobro, especialmente de Greca e Fruet, com mira mais treinada e mais necessitada do que a de Ratinho Jr. Os programas eleitorais e panfletos distribuídos aos milhares foram as principais armas de ataque.

Não podia dar outra: os índices de preferência ficaram quase iguais semana após semana. O que não ficou igual foi o índice de rejeição, cada vez maior para todos eles.

Esta é uma sinalização de que o quadro não deve mudar até domingo que vem e que os vencedores do primeiro turno serão mesmo Ratinho Jr. e Ducci? Arriscado fazer essa afirmação. Afinal, segundo o Datafolha, 22% do eleitorado ainda não se decidiram; pelo Vox Populi, 19%. Gente suficiente para promover alterações substanciais.

• Datafolha encomendada pela Folha de S. Paulo e pela RPCTV. Foram ouvidos 1,2 mil eleitores entre os dias 25 e 26 de setembro. Margem de erro de 3 pontos porcentuais. Registro no TRE PR 326/2012.

• Datafolha encomendada pela Folha de S. Paulo e pela RPCTV. Foram ouvidos 958 eleitores nos dias 10 e 11 de setembro. Margem de erro de 3 pontos porcentuais. Registro no TRE PR-00148.

• Vox Populi/TV Bandeirantes, com 1.200 eleitores ouvidos entre 23 e 25 de setembro, margem de erro de 2,9 pontos. Registro TRE PR 00325.

• Vox Populi/TV Bandeirantes, com 800 eleitores ouvidos entre 25 e 27 de setembro, margem de erro de 3,5 pontos. Registro TRE PR 0087.

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