• Carregando...

Num determinado dia, um vândalo dispara um tiro contra a câmera de radar. No outro, uma infiltração de água inutiliza o equipamento. Mais adiante, o carro bateu e derrubou o poste pintado de amarelo-cheguei. De repente, nota-se que o galho de uma árvore cresceu e tapou a lente. Mais um dia, a comunicação foi interrompida e o sinal não chega aos computadores. E assim por diante...

Ocorrências desse tipo são registradas às dezenas todas as semanas e afetam o sistema de fiscalização eletrônica do trânsito de Curitiba. A cada ocorrência, até 15 dias atrás, engenheiros e técnicos da Consilux providenciavam o reparo imediato, cumprindo obrigações do contrato que mantinha com a prefeitura.

E agora? E agora, depois de rompido o contrato e que é a Urbs quem administra todo o sistema, quem é que faz a manutenção? Boa pergunta: a coluna foi investigar e descobriu que o trabalho está sendo feito pela... Consilux! Por uma simples razão: a Urbs não dispõe de pessoal habilitado para fazer o serviço e precisa da incomum "boa vontade" da empresa.

Acontece assim: quando se constata um defeito, um carro identificado com o logotipo da Urbs apanha funcionários da Consilux e vai ao local para fazer o conserto. De outro modo o radar pararia de funcionar por tempo indefinido.

Oito vereadores foram ontem à central dos radares, agora administrado pela empresa municipal. Saíram de lá satisfeitos com que o viram. O líder do prefeito, vereador João do Suco, chegou a afirmar: o sistema é à prova de fraudes. Ora, não foram as suspeitas de fraude que motivaram o cancelamento do contrato?

É tudo tão estranho...

Olho vivo

Calamidade 1

Requião deixou sucateada a frota de aviões do estado. Por esse motivo, três das aeronaves deverão ser leiloadas brevemente. A informação foi passada por uma fonte da Casa Militar à rádio CBN, ontem, durante entrevista que o deputado Tadeu Veneri concedia à emissora a respeito do pedido que fez para que o governo explique porque contratou o aluguel por três meses de um jatinho e um helicóptero, ao custo de R$ 2 milhões, sem licitação. Mais teria dito a fonte da Casa Militar: que as aeronaves serão utilizadas para os deslocamentos do governador.

Calamidade 2

Explicação bem dada: se a frota está imprestável e insegura e se o aluguel é a providência cabível para que o chefe do Executivo possa cumprir a necessária agenda de viagens – então, de fato, nada mais justo do que se providenciem outros aviões e o mais rapidamente possível. Ninguém pode obrigar o governador a correr riscos em suas viagens – seria uma calamidade.

Calamidade 3

Sob este prisma, num esforço de interpretação, seria então cabível a dispensa de licitação? Os editais publicados no Diário Oficial do último dia 11, homologados por Richa, citam o artigo 24, inciso IV, da Lei das Licitações, a 8.666/93 – único dispositivo que exime o poder público de abrir licitação. Diz ele que a dispensa só se dará "nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares."

O lutador 1

A história do Paraná ainda fará justiça a um homem que, a despeito da importância da sua obra, foi até agora mantido no anonimato. Trata-se de Sylvio Sebastiani, 80 anos, que pelo menos desde 2003 vinha denunciando junto aos órgãos competentes tudo quanto agora se sabe a respeito do que ocorria na Assembleia Legislativa. Ele tinha autoridade para isso: por décadas foi funcionário da Casa.

O lutador 2

Incansável investigador e metódico colecionador de documentos, foi de autoria dele as primeiras representações ao Ministério Público para que este examinasse e tomasse as providências legais. Fantasmas, gafanhotos, supersalários, promoções e aposentadorias indevidas – tudo estava relacionado, organizado e documentado na montanha de papéis com que Sylvio requereu ao MP a adoção de medidas. O silêncio com que realizou o trabalho e a demora do MP em agir mantiveram-no no anonimato.

O lutador 3

Ex-lutador de box na juventude e fundador do MDB na era de chumbo do regime militar, Sebastiani aprendeu as técnicas do esporte e, no sentido figurado, as aplica até hoje com o vigor de um combatente.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]