Um sábio certa vez escreveu: “A palavra foi dada ao homem para esconder o seu pensamento.” Portanto, nem tudo o que lhe parece é. Vejamos o que dizem (em palavras) alguns notáveis políticos do Paraná a respeito das eleições municipais de 2016 e estaduais de 2018 para esconder o que realmente pensam:

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• Senador Roberto Requião: “Serei candidato a governador em 2018”.

• Ex-senador Osmar Dias, atual vice-presidente do Banco do Brasil: “Já fui candidato a governador duas vezes e perdi; então, eu acho que o povo quer mesmo é que eu seja senador”.

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Colapso 1

Empresas do transporte coletivo de Curitiba decidiram jogar pesado: ou a tarifa técnica (aquela que lhes é repassada pela Urbs) aumenta dos atuais R$ 3,21 para R$ 3,40 ou o sistema entrará em colapso. Segundo os dicionários, colapso pode significar insolvência, falência, bancarrota. Na prática, o que os empresários quiseram dizer é que, sem aumento, a cidade corre o risco de ficar sem ônibus a qualquer momento.Segundo eles, é inviável manter os termos contratuais firmados em 2010. As obrigações que lhe são impostas e a desobediência a algumas cláusulas pelo prefeitura causam forte desequilíbrio econômico-financeiro e tornam insustentável a manutenção do sistema.

Colapso 2

Os empresários não reclamam sozinhos. Reclamam também – mas em sentido contrário – o Tribunal de Contas, o Ministério Público, a Câmara Municipal, os usuários, a Urbs e a prefeitura. Há desavenças aos montes envolvendo a todos – todos insatisfeitos com o status quo.

Colapso 3

O MP tenta um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para resolver, pontualmente, alguns dos problemas. Pode ser um bom caminho, desde que não afete o bolso do usuário nem obrigue o município a aumentar subsídios. Enquanto isso, correm na Justiça dezenas de ações, todas pendentes de julgamento em instância final – algumas das quais envolvendo várias das determinações baixadas pelo Tribunal de Contas.

Colapso 4

A origem de tudo remonta há cinco anos, quando se estabeleceram regras que se revelam, agora, impraticáveis. Por que não começar tudo de novo, em outras bases? A quem interessa não mexer nos contratos?

• Senador Alvaro Dias (com mandato até 2022): “Me baseio nas pesquisas e elas mostram boas chances para me candidatar a presidente da República, mas não descarto ser candidato a governador. Vai depender das pesquisas”.

• Governador Beto Richa: “Não tenho essa ansiedade [de ser candidato à Presidência] que outros políticos têm. Cumpro apenas o mandato para qual fui eleito”.

• Prefeito Gustavo Fruet: “A democracia está muito cara. É insustentável. Se for candidato à reeleição posso até ser prejudicado”.

O que de fato pensam:

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• Requião: quer mesmo é se reeleger senador, disputando sem correr nenhum risco uma das duas vagas. Acha que a candidatura de Richa não ameaça a própria reeleição, mas se no páreo estiver também Osmar Dias, tudo vira uma incógnita.

• Osmar : acredita que desta vez tem toda a chance de chegar ao Palácio Iguaçu, estimulado pelo desgaste político (talvez irrecuperável) de Richa, cujo grupo se encontra órfão de competidores viáveis. Torce para que o irmão Alvaro Dias decida disputar a Presidência.

• Alvaro: no fundo, sua prioridade é voltar a ser governador, mas também, secundariamente, acredita na viabilidade da candidatura presidencial (fora do PSDB e possivelmente já filiado ao PV), embalado por sua forte postura oposicionista nacional e pelo descrédito das demais correntes políticas na cena brasileira. Se nada der certo, manterá por mais quatro anos a cadeira no Senado.

• Richa: se em algum dia já lhe subiu à cabeça a mosca azul de ser presidente, ela (a mosca) já voou para longe. Sua intenção real é se eleger senador, bafejado pela sorte de haver duas cadeiras em disputa. Uma delas, não tem dúvida, é sua.

• Fruet: as palavras dançam em sua boca de modo a não se declarar aberta e definitivamente candidato à reeleição. Mas até as Vias Calmas sabem que a ideia de renovar o mandato não lhe sai cabeça, apesar de as pesquisas ainda não lhe proporcionarem segurança de vitória, mas se anima com a fragilidade dos adversários que se apresentaram até agora.

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Política, além de poder ser definida como a arte de governar, tem muito a ver também com a arte de dissimular, isto é de ocultar ou disfarçar, sob palavras, os verdadeiros sentimentos.