O volumoso caderno com que o Instituto Datafolha mostra em detalhes o comportamento do eleitorado de Curitiba, neste segundo turno, contém dados interessantes nem sempre divulgados com o mesmo destaque dado aos índices de intenção de voto obtidos pelos dois candidatos. Dados que podem explicar erros e acertos das campanhas de cada um.
Por exemplo: na página 34 do caderno, o Datafolha contabiliza as respostas a uma pergunta dominante e crucial nas eleições deste ano na capital. Desde o primeiro turno, os candidatos procuravam induzir os eleitores a se decidir em razão de suposta ligação de um candidato com os envolvidos no esquema do mensalão.
Gustavo Fruet (PDT), apoiado pelo PT, foi o alvo dessa estratégia, colocada em prática principalmente pelo candidato Luciano Ducci (PSB). No fim, embora por pequena margem, Fruet venceu Ducci, comprovando a insuficiência da estratégia para alcançar o pretendido objetivo de derrotar o oponente.
Apesar dessa evidência, o candidato mais votado do primeiro turno, Ratinho Jr. (PSC), repetiu a mesma argumentação, ainda com mais ênfase, para enfrentar o adversário neste segundo turno. A primeira rodada do Datafolha, divulgada dia 18 quando a campanha já estava em andamento mostrou que ele parece ter incorrido no mesmo erro de Ducci, pois, segundo o instituto, Fruet apareceu com 16 pontos à sua frente, 52% a 36%.
A pergunta do Datafolha aos seus entrevistados foi a seguinte: "Pensando na eleição para prefeito que vai acontecer em outubro, você diria que o julgamento do mensalão tem grande influência, tem alguma influência ou não tem influência na definição do seu voto atual para prefeito?"
E as respostas contabilizadas foram estas: para 66% do eleitorado, a questão não tem nenhuma influência e para 16% tem pouca influência. E apenas 13% dos eleitores confessaram que esta questão é, sim, determinante para a definição do seu voto para prefeito. Por exclusão, o que realmente parece interessar aos eleitores numa eleição municipal são os problemas locais, aqueles que a população sente diretamente no seu cotidiano pessoal e familiar.
*Metodologia
O Datafolha ouviu 1.267 pessoas entre 17 e 18 de outubro. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. O registro no Tribunal Regional Eleitoral tem o número 679/2012. A pesquisa foi encomendada pela RPC TV e pela Folha de S. Paulo.



