Olho vivo

Beira de cais 1

Um investimento que chegou a quase R$ 100 milhões dá à empresa Rocha Top praticamente o monopólio na movimentação de fertilizantes no Porto de Paranaguá. Foi a única das grandes empresas do setor a interligar diretamente com correias transportadoras seus depósitos ao armazém público e aos navios que chegam para descarregar o produto. Os concorrentes, que não fizeram as interligações, protestam: dizem que a Rocha Top recebeu privilégios das administrações anteriores do Porto de Paranaguá, a ponto de contar com um dos dois berços de atracação em caráter quase exclusivo.

Beira de cais 2

Há duas semanas, a briga entre eles esquentou e quase se converteu em cenas de pugilato diante do novo superintendente da Appa, Luiz Dividino, que tentava resolver o imbróglio numa reunião entre as partes. O encontro foi convocado para discutir Ordens de Serviço que consagrariam os tais privilégios.

Beira de cais 3

O problema, no entanto, não se resume a desavenças entre os importadores de fertilizantes. O interesse numa solução chega ao produtor rural, que paga tanto mais caro pelo adubo quanto mais demoradas são as operações de descarga dos navios. Navios que fazem fila em alto-mar – às vezes de até quase um mês – cobram de 10 mil a 20 mil dólares por dia de atraso, conta que acaba recaindo sobre o preço final do produto comprado pelos agricultores.

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O candidato do PSC à prefeitura de Curitiba, Ratinho Jr., recém completou 31 anos de idade, mas desde os vinte e poucos vem colecionando grandes vitórias eleitorais – a última delas como recordista de votos em 2010 no pleito que o levou à Câmara Federal. Sua popularidade é tanta que todas as pesquisas feitas até agora põem-no praticamente empatado com os seus dois principais adversários, os calejados políticos Gustavo Fruet (PDT) e Luciano Ducci (PSB), este último, aliás, em pleno exercício do mandato de prefeito.

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Diante de tal surpreendente desempenho, Ratinho Jr. – uma espécie de livre atirador, não vinculado a nenhuma das forças políticas tradicionais do estado – passou a ser cobiçado por todos. Ofertas para que desista da candidatura chegam-lhe quase diariamente. A última de que se tem notícia é a de que os comandantes da campanha de reeleição de Luciano Ducci teriam proposto a Ratinho que escolhesse duas secretarias de estado para indicar correligionários de seu grupo; e de que teriam garantido também, além da vice de Luciano, posições de grande peso político na futura administração.

Tais informações obrigaram Ratinho Jr. vir a público esta semana para negar peremptoriamente qualquer possibilidade de vir a aceitar ofertas da espécie. Ao contrário, assegurou com muita firmeza que vai manter sua candidatura até o fim, na esperança de chegar ao segundo turno.

É certo, porém, que ter Ratinho Jr. como vice seria mesmo o sonho de consumo de Luciano Ducci para vencer as dificuldades que vem enfrentando nesta pré-campanha. Além do apoio da máquina estadual, comandada pelo padrinho governador Beto Richa, Luciano enxerga que a companhia do popular candidato do PSC como seu vice poderia lhe garantir a possibilidade de dividir as camadas periféricas do eleitorado, onde o PT, que apoia Gustavo Fruet, tem grande penetração.

Sem Ratinho Jr. entre os concorrentes, a "briga" seria direta entre Luciano e Gustavo – situação considerada ideal pelos estrategistas do prefeito. Melhor ainda, aliás, se nem mesmo Rafael Greca disputasse e que o PMDB oficializasse aliança com ele. A estratégia – muito mais do que ganhar tempo na propaganda eleitoral gratuita – seria mesmo levar a disputa para o confronto imediato com Fruet e decidir tudo já no primeiro turno.

Enquanto Ducci se vê com dificuldades para encontrar um vice, pois não encontra nomes de expressão eleitoral no PSDB, o partido que patrocina sua candidatura, no lado de Gustavo Fruet a questão é considerada resolvida: o vice será do PT, que definirá o melhor nome até meados do mês que vem.

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Sobram candidatos para o posto, mas a tendência é indicar um que combine com o perfil de Gustavo, isto é, que atenda o pressuposto de manter o apoio da classe média, da juventude e dos segmentos sociais formadores de opinião que as pesquisas já apontam como favoráveis ao candidato da frente PDT/PT/PV. A complementação desses pontos considerados positivos viria com a escolha de uma mulher, no caso a ex-vereadora e presidente municipal petista, professora Roseli Izidoro – embora não se descarte ainda a indicação do vereador Pedro Paulo, cujo eleitorado se concentra na poderosa região Sul da cidade.