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Não foi de todo surpreendente a primeira pesquisa do Datafolha/RPC (*) sobre a corrida pelas duas vagas de senador em disputa no Paraná. Como se esperava, deu Requião (PMDB) na primeira posição, com 50% das preferências; e, em segundo, Gleisi Hoffmann (PT) com 28% – ambos pertencentes à coligação que tem Osmar Dias como candidato a governador. Se a eleição fosse agora, seriam eles que substituiriam no Senado o próprio Osmar e Flávio Arns, agora candidato a vice de Beto Richa.

Em terceiro e quarto lugares, respectivamente, aparecem Ricardo Barros (PP), com 19%, e Gustavo Fruet (PSDB), 16%. Tecnicamente estão empatados, já que a margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais.

A eleição se dará, no entanto, a 3 de outubro – um espaço de 70 dias sujeito a muitas chuvas e trovoadas. Portanto, não se considere como final e fatal o resultado antevisto por esta primeira rodada do Datafolha. Ordens e fatores podem ser alterados.

É nisso que apostam Barros e Fruet, os dois últimos colocados, embora muito conscientes da força eleitoral dos dois primeiros. Requião, apesar de ser detentor dos mais altos índices de rejeição, leva ainda inegavelmente grande vantagem sobre todos os demais. Primeiro, por ser 100% conhecido dos eleitores; segundo porque encarna um discurso ao gosto de grande parcela do eleitorado, especialmente nos grotões, onde seu partido está presente com força de mando.

Reconhecem, também, não ser fácil desbancar Gleisi Hoffmann da segunda posição. De sua biografia já consta uma boa disputa pelo Senado, em 2006, quando somou 45% dos votos disputados com o vencedor Alvaro Dias. Além dessa boa experiência, pertence ao PT e tem a seu favor, além da máquina de campanha do partido, também as bênçãos do presidente Lula e da presidenciável Dilma Roussef.

Como o eleitorado poderá se dividir

Assim, na aparência, as duas vagas estariam garantidas para a chapa situacionista – mas, como dizíamos, há fatores conhecidos e desconhecidos que podem alterar este quadro. Não é impossível, por exemplo, que o eleitorado paranaense repita a técnica dos grandes investidores de dinheiro – nunca colocam os ovos numa mesma cesta, como dizem.

Em 1962, por exemplo, os dois senadores eleitos representavam forças claramente antagônicas: Amaury Silva, petebista de quatro costados, e o banqueiro udenista Adolfo de Oliveira Franco foram os vencedores. Algo semelhante se deu nos pleitos livres (houve o período dos senadores biônicos).

Em 2010, o quadro está igualmente dividido em dois grupos distintos. De um lado, o lulismo, o petismo, o peemedebismo governista. De outro, a oposição, encarnada principalmente pelos tucanos com a ajuda dos democratas e outros satélites. Os eleitores (estão aí as pesquisas para prová-lo) dividem-se entre esses dois estratos.

Não é improvável, pois, que, ao longo da campanha, quando a divisão e o embate entre tais forças se tornar mais evidente, que os eleitores procurem identificar nos quatro canditados ao Senado aqueles dois que representem com mais clareza a divisão de matizes políticos e ideológicos da sociedade brasileira.

Há correntes antipetistas, antilulistas e contra o governismo fisiológico peemedebista. Há o temor do MST, que se liga a esta facção. Há também uma forte corrente antirrequianista (seus altos índices de rejeição atestam esta verdade). A tendência, pois, dessas correntes, pode ser a de preferir sufragar para o Senado o candidato que mais se identificar com suas posições antigovernistas e antirrequianistas.

É aí, puramente do ponto de vista político-ideológico e desconsiderando todos os demais fatores, que crescem as chances de Gustavo Fruet, que agora ainda figura em quarto lugar no Datafolha. São dele certamente os votos oposicionistas politicamente mais esclarecidos, conscientes e antirrequianistas dos eleitores paranaenses. É principalmente no reduto anti-Requião que Fruet pode se alimentar. Seu trabalho na campanha, além de tornar-se mais conhecido do público, será o de reforçar tal imagem.

Barros, vice líder de Lula no Congresso, não é exatamente o candidato capaz de representar tais sentimentos. A seu favor, no entanto, conta com a máquina bem azeitada do PP estadual, dono de algumas prefeituras importantes (Maringá, por exemplo) e de um trabalho de longo prazo que desenvolveu em todos nos 399 municípios do estado.

(*) Pesquisa encomendada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC) ao Instituto Datafolha, realizada de 20 e 23 de julho. Foram ouvidas 1.225 pessoas. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com o número 20158/2010.

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