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A coluna teve acesso à íntegra da pesquisa encomendada pela rádio CBN ao Ibope, divulgada anteontem, sobre as tendências do eleitorado curitibano em relação à sucessão marcada para o ano que vem. São 54 páginas de tabelas e gráficos, nas quais os marqueteiros dos que pretendem se candidar encontram subsídios valiosos para traçar as estratégias de convencimento dos eleitores.

Dada à vastidão dos dados e às múltiplas interpretações que deles se pode tirar, e dado também o interesse imediato dos eleitores em saber "quem está na frente", acabam merecendo destaque tão somente os índices que buscam quantificar os votos que cada candidato conquistaria se eleição fosse hoje. Ficaram, pois, mais conhecidos os números que revelam o confronto direto entre os candidatos, em diferentes cenários.

Pelo Ibope, em todos os cinco cenários propostos, o ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB) derrotaria o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB). Num deles, hoje considerado como o mais provável (porque aparecem também como candidatos Rafael Greca, do PMDB, e Dr. Rosinha, do PT), Gustavo obtém 34% da preferências, enquanto Luciano soma 23%. Greca e Rosinha fazem 7 e 6 pontos, respectivamente.

Esses números, no entanto, não são os que mais impressionam os marqueteiros. Eles procuram outros. Por exemplo: que influência terá o governador Beto Richa na decisão curitibana? O Ibope dá a resposta: 46% se disporiam a votar no candidato apoiado por Beto.

Trata-se de uma massa considerável que, sem dúvida, favorece as pretensões de Luciano Ducci de se reeleger, já que tudo indica até agora que é ele quem merecerá o apoio do governador. Assim, quanto mais vincular sua imagem ao do governador, mais vantagem obterá.

Sobre a participação do governador

Entretanto, a uma outra pergunta 35% dos entrevistados do Ibope respondem que Beto deve apoiar Gustavo e não Luciano, que ficou 28%. Ou seja, neste momento, ao manifestar preferência por Luciano, Beto estaria contrariando a opinião da maioria do eleitorado.

Na mesma linha, 44% dos eleitores gostariam de ver Gustavo Fruet como candidato do PSDB e 34% acham que Beto Richa deve apoiar o candidato do seu partido; 18% admitem, todavia, que o governador pode fazer o PSDB apoiar Luciano, de outro partido.

Nos arraiais de Gustavo, o motivo de festa é o conjunto dos cenários montados pelo Ibope e também registrados pela sondagem Paraná Pesquisas/Gazeta do Povo. Em todos eles, a soma dos votos dos demais candidatos estabelece um quadro desanimador para Luciano e de esperança para Gustavo.

É que os demais candidatos que aparecem são todos vinculados à oposição. O deputado Ratinho Jr. (PSC), por exemplo, chega a somar 23% numa das simulações, com o dobro de votos atribuídos a Luciano. E Ratinho, como se especula, é um dos citados para compor, como vice, a chapa de Gustavo.

É bom lembrar que as pesquisas foram feitas em torno de um quadro ainda indefinido. A maior indefinição ainda reside no PSDB que, na prática, dispõe dos dois mais fortes candidatos. Chegará em breve a hora em que terá de se decidir por um deles, tudo levando a crer que será no sentido de formar aliança com o PSB de Luciano.

O partido é importante?

Logo, se Gustavo quiser mesmo ser candidato, terá de mudar de partido, como ele próprio vem admitindo há tempos. Mudar de partido pode lhe trazer prejuízo eleitoral? Em muitos casos, sim. Lembre-se o exemplo de Rafael Greca que ao transferir-se para o PMDB e se aliar a Requião, só colheu dissabores. Nunca mais se elegeu, suas votações – outrora recordes – tornaram-se pífias.

Poderia acontecer a mesma situação com Gustavo, há anos identificado com o tucanato e considerado um de seus mais importantes quadros nacionais? O que acontecerá com ele se virar a casaca para, oportunisticamente, filiar-se a outra legenda?

O Ibope/CBN quis saber a opinião dos curitibanos também a esse respeito. E verificou que 70% dos entrevistados não dão a mínima para este fator. Uma pergunta mais objetiva revelou que 21% dos entrevistas são favoráveis a que Gustavo mude de partido e 57% se dizem indiferentes; 13% são contra a mudança.

As duas pesquisas deste início de semana servem ainda muito pouco como parâmetros nos quais se deva apostar as fichas do futuro. Mas não deixam de fornecer subsídios importantes para quem tem interesse em avaliar e acompanhar as mudanças. Ainda serão muitas essas mudanças.

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