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O ex-governador Jaime Lerner foi um dos palestrantes do simpósio "Mudanças e Mutações, Mudando o Mundo de Hoje" realizado no último sábado sob promoção do Instituto Ciência e Fé e Fundação Salete. Falou para os 80 convidados – sociólogos, jornalistas, professores, médicos, arquitetos – sobre cidades e sobre o papel do Estado como agente de transformação.

Preferiu falar sobre grandes temas e, embora provocado, evitou fazer qualquer crítica ou comentário a respeito do governo Requião. Mais próximo disso foi quando se disse arrependido de ter sido "tão generoso, como fui, com meus adversários políticos".

Não pensa em voltar a disputar eleições nem militar politicamente. Está desiludido com os partidos – grandes ou pequenos. Seus espaços são dominados por políticos profissionais pouco comprometidos com o interesse público, com os quais já não se mostra com vontade de competir.

Não deixou de manifestar, outra vez, porém, sua oposição ao projeto de implantação do metrô em Curitiba. Alinha várias razões para defender a opinião:

- O custo de construção e de operação do metrô é alto demais. Economicamente inviável, vai exigir subsídios governamentais permanentes para assegurar a manutenção de tarifas razoáveis para o público.

- Este alto custo consumirá recursos que o governo precisa utilizar em programas sociais.

- Curitiba tem um sistema de transporte coletivo que ainda está longe de se esgotar. Os eixos formados pelas canaletas e vias rápidas têm condições de absorver freqüência maior de ônibus expressos de grande capacidade.

- A ampliação da capacidade do atual sistema só depende de aumento de freqüência e de um bom gerenciamento, tornando o metrô dispensável.

Appa reage a rumores

Os crescentes rumores de que o projeto da dragagem que será realizada na Baía de Paranaguá foi elaborado de modo a beneficiar a empresa TCP (Terminal de Contêineres de Paranaguá) exigiram do superintendente dos Portos, Eduardo Requião, vigorosa defesa de Juarez Moraes e Silva – diretor do TCP e presidente da comissão que realizou os estudos técnicos da dragagem. Diz Eduardo em matéria distribuída pela Agência Estadual de Notícias que "segmentos que perderão espaço estão tentando tirar o crédito do trabalho da comissão".

Engana-se ou tergiversa o superintendente. Tecnicamente, o trabalho de Moraes não é questionado. O que engenheiros portuários com longa experiência na área estranham é o fato de se destinar dinheiro público para cobrir despesa de uma empresa privada: o aterro permitirá ao TCP executar o antigo projeto de ampliação do seu cais para mais três navios simultâneos e do espaço de armazenamento. Seriam despejados nessa área 1,8 milhão de metros cúbicos de areia, que, ao custo médio de US$ 5 por metro cúbico, daria ao TCP uma economia de US$ 9 milhões.

A dragagem do canal da Galheta e das baías de Paranaguá e Antonina será paga totalmente pelo fundo mantido pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, uma autarquia do governo estadual. A maior parte da areia resultante será despejada em alto-mar, mas uma parte vai para o TCP e outra para a Ponta do Félix, em Antonina – empresa também particular que até recentemente tinha como diretor o mesmo executivo Juarez Moraes e Silva.

A sofreguidão de Eduardo Requião em fazer a defesa de Silva não tem explicação – ou tem. Na dúvida, o Instituto de Engenharia do Paraná e o Ministério Público preparam-se para encontrar as razões para o suposto privilégio.

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Olho vivo

Cargos demais 1 – Está com o procurador-geral da Justiça, Mílton Riquelme, a ação direta de incontitucionalidade (Adin) impetrada em abril pelos deputados da oposição contra a lei que permitiu ao governo do Paraná criar, remanejar e transformar cargos por decreto. Após receber as manifestações da Assembléia e da Procuradoria-Geral do Estado, o Tribunal de Justiça enviou a ação ao Ministério Público para parecer final sobre o mérito. O TJ aguarda o retorno da ação para marcar a data do julgamento pelo Órgão Especial.

Cargos demais 2 – Na ação, os deputados alegam que a lei, sancionada pelo governador dia 30 de março, atenta contra o artigo 53 da Constituição Estadual. Diz o artigo: "Os postos do governo devem ser programados pelo Poder Executivo, segundo suas necessidades e submetidos à aprovação do Legislativo".

Cargos demais 3 – Nos argumentos encaminhados ao Tribunal de Justiça, os deputados lembram que o estado é farto em cargos comissionados (possui cerca de 3.600 funcionários de livre nomeação) e a lei representa um "cheque em branco", já que outorga ao governo modificações administrativas, segundo critérios políticos.

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"Com Durval Amaral junto, pelo menos eles vão ter mais cuidado nos gastos."

Do deputado Valdir Rossoni, líder da oposição na Assembléia, consolando-se com a presença de um representante da bancada na comitiva que acompanha requião em Nova Iorque.

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