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Na foto, Requião, Alex e Mussi conversam com empresário árabe | Fotos: Agência Estadual de Notícias
Na foto, Requião, Alex e Mussi conversam com empresário árabe| Foto: Fotos: Agência Estadual de Notícias
  • Na da esquerda, Tanaka, Mussi e Alex com a comitiva chinesa
  • Maurício Vitor recebe o maior abraço

Os homens que engendraram a compra fraudulenta da draga eram pessoas conhecidas, amigas e que, até então, mereciam a inteira confiança do ex-governador Roberto Requião. Infelizmente, eles traíram o Chefe, porque este diz desconhecer os ilícitos apontados pela Polícia Federal. Nem mesmo o ex-superintendente da Appa, Eduardo Requião – de alcunha "Crocodilo", segundo os autos do inquérito – comunicou o irmão sobre fraude que vinha sendo intentada.

A proximidade e o prestígio que o ex-governador dispensava aos indiciados pela PF podem ser comprovados mediante pesquisa ao site da Agência Estadual de Notícias – uma espécie de Pravda cibernético encarregado de divulgar os atos oficiais. Reportagens e fotos mostram os envolvidos ora acompanhando o governador em longas viagens internacionais, ora em audiências no gabinete para apresentar-lhe propostas de negócios.

Com exceção de Eduardo Requião e Daniel Lúcio – ambos ex-superintendentes nomeados pelo governador e, por isso mesmo, por dever de ofício, presenças constantes ao lado dele – personagens menores mas decisivas também mereciam sua atenção.

• O empresário paraguaio Alex Hammoud fez parte da comitiva chefiada pelo governador em viagem a Dubai, Emirados Árabes e Abu D abi em outubro de 2008, com direito a uma esticada até o Japão. Nessa viagem, Requião ficou entusiasmado com o fato de as dragas serem estatais, bem como ele pretendia fazer no Paraná. Defrontou-se lá, porém, com um problema: não havia dragas à venda. Acelerava-se, porém, naquele momento, a decisão de Requião de colocar uma draga estatal em Paranaguá.

• Fez parte também da comitiva o secretário Luiz Mussi que, segundo o inquérito da PF, dividiria responsabilidades com Alex: este ficaria com a parte operacional da compra junto ao estaleiro chinês e o outro com a parte "política", isto é, com a necessária interlocução com Requião.

• O jovem advogado londrinense Gilberto Tanaka, amigo de Alex, foi quem emprestou o nome da sua pequena empresa – a Global Connection – para participar da concorrência. Concorreu com a Interfabric, do grego Georges Pantazis, e "ganhou" a licitação oferecendo o preço de R$ 45,6 milhões. Tanaka teve tímida participação no esquema; apenas obedecia ordens "superiores" e, no final, forneceria a nota fiscal em troca de uma modesta participação nos lucros.

Mas, em 22 de setembro de 2009, quando já iam bastante adiantadas as negociações de compra, Tanaka foi ao Palácio para apresentar a Requião outro negócio em que estava interessado. Levou ao governador uma comitiva chinesa que se dispunha a instalar uma fábrica de aquecedores no Paraná. Luiz Mussi e Alex Hammoud também aparecem nas fotos.

• Maurício Vitor de Souza, diretor jurídico da Appa, era o encarregado de dar aparência legal aos procedimentos. No inquérito da PF ele aparece como o cérebro das filigranas jurídicas e incumbido também de conversar com juízes e convencer outras instâncias do governo de que tudo estava nos conformes legais.

Amigo de Requião, era tratado com cortesia pelo Chefe. Em 4 de janeiro de 2010, quando a aquisição já dava todos os sinais do naufrágio que sofreria, teve uma foto sua divulgada pela Agência de Notícias efusivamente cumprimentado pelo governador num evento portuário.

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Toda essa gente, apesar da amizade, da confiança e da proximidade, nada informou a Requião. Nem Requião, para quem todos (os outros) são desonestos até prova em contrário, viu motivos para desconfiar.

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