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Celso Nascimento

Lubomir, o urbanista, se demite e enfraquece a Urbs

O arquiteto Lubomir Ficinski pediu demissão do cargo de diretor de Transportes da Urbs, que ocupava a convite desde a posse de Luciano Ducci como prefeito titular, em abril de 2010. Quando chamado a ocupar o posto, Lubomir foi desafiado pelo prefeito a promover medidas de modernização do atual sistema de transporte coletivo da capital. Pas­sados 18 meses, Lubomir se decepcionou com a lentidão da administração municipal, que não consegue acompanhar as demandas mais simples. Em carta ao prefeito, reclamou também do desprestígio de que a Urbs vem sendo vítima ultimamente.

Presidente do Ippuc por duas vezes, Lubomir Ficinski é dos poucos remanescentes da equipe que, há 30 anos, sob a liderança de Jaime Lerner, revolucionou Curitiba, tornando-a modelo internacional de planejamento e desenvolvimento urbano. Foi, ao lado dos também arquitetos Rafael Dely e Carlos Ceneviva, um dos criadores do sistema de transporte sobre canaletas exclusivas e ônibus expressos. Tinha, portanto, autoridade e experiência para ocupar o cargo.

A tais qualidades não se somou uma outra virtude – a paciência. Por isso, foi-lhe difícil aguentar a lentidão dos processos licitatórios ou esperar resposta rápida de outros setores da prefeitura para realizar obras simples. Um exemplo: os modernos "ligeirões" ('os maiores ônibus do mundo') que entraram em circulação neste sábado já poderiam estar operando há 60 dias – não fosse a incapacidade da administração direta, via Secretaria de Obras, de realizar pequenas adaptações viárias, como alargamentos e/ou aumentos de raios de curvatura ao longo do trecho.

A decepção aumentou com a paralisação das obras de desalinhamento de estações-tubo no trajeto Santa Cândida-Praça do Japão. Duas licitações fracassaram e não há até agora data marcada para realização da terceira. Enquanto isso, porém, mais de dez novas estações que seriam implantadas no trajeto já ficaram prontas. O que fazer com elas agora se não há onde instalá-las? Outras, antigas, seriam remodeladas, mas também não há previsão quanto à possibilidade de substituição tem­­porária delas.

Metrô desnecessário

Lubomir lamenta também a prioridade que se dá à construção do metrô – "totalmente desnecessário para Curitiba", opina. Mais importante, entre outras medidas mais simples e de menor custo, é aumentar a capacidade dos biarticulados (como vem sendo feito), desalinhar as estações-tubo, melhorar a eficiência da sinalização e realizar obras viárias de menor porte. Já está provado: um biarticulado ganharia 25 minutos no percurso Santa Cândida-Praça do Japão. No eixo Boqueirão-Carlos Gomes, o ganho de tempo foi de 20 minutos.

A irritação do arquiteto au­­­­menta quando constata que, para fechar as contas do transporte coletivo, o preço da passagem deveria ser, hoje, de R$ 2,70, mas a prefeitura impôs a tarifa política de R$ 2,50. O resultado é um prejuízo mensal que tem sido arcado pela Urbs. E, por fim, uma previsão impopular para o metrô: "Sim, a tarifa do metrô será igual à dos ônibus; só que a tarifa do ônibus terá de subir muito para viabilizar o metrô. Isto é, quem andar de ônibus estará pagando o preço do metrô!"

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