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Celso Nascimento

Mataram o ovo da serpente

A eleição da nova mesa da Câmara de Curitiba foi motivo de euforia para dois grupos políticos adversários e para tristeza de um terceiro que ensaiava sair das sombras. Eufóricos ficaram o prefeito Gustavo Fruet (PDT) e o deputado Ratinho Jr. (PSC), que se aliaram para "matar o ovo da serpente" representado por sete vereadores que seguiam a orientação política do ex-presidente da Casa João Cláudio Derosso.

O presidente eleito da Câmara foi o pastor Ailton Araújo, filiado ao PSC e, portanto, obediente à cartilha do presidente estadual da sigla, Ratinho Jr. Mas era também o candidato preferido de Fruet. Ambos esqueceram os xingamentos que desferiram um contra o outro quando foram adversários na eleição municipal de 2012 e se uniram para evitar que a Câmara voltasse ao tempo em que frequentava as páginas policiais.

De "lambuja", foi também de roldão a liderança que o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) exercia sobre alguns dos vereadores – três deles do seu partido. Dois fizeram parte do grupo derrotado e um se desgarrou do rebanho – no caso, a vereadora Dona Lourdes, que foi até contemplada com uma posição na nova cúpula.

A volta da Câmara às páginas policiais durou só 48 horas – a véspera e o dia da própria eleição, na terça-feira. Durante esse tempo houve gritos pelos corredores, uma "prisão domiciliar" num dos gabinetes, ofertas não republicanas, promessas de vantagens futuras e até mesmo uma "voadora" do atual presidente, Paulo Salamuni, que pôs literalmente no chão o vereador Pastor Valdemir (PRB), um dos líderes do grupo Derosso que pretendia retomar o Palácio Rio Branco.

Como de praxe, quase todos os vereadores – incluindo os que passaram a fazer oposição a Fruet e Ratinho – têm cargos na prefeitura ocupados por pessoas indicadas por eles. Não vai demorar muito para o Diário Oficial do Município passar a registrar exonerações – processo típico do modus operandi que sustenta a tal "governabilidade".

A governabilidade se dá pela formação de maiorias parlamentares fiéis ao Executivo. A nova maioria aumentou: dos 38 vereadores, 31 se renderam ao brilho da calvície do prefeito e à expectativa de poder do deputado Ratinho Jr. Graças a essa maioria fiel, os curitibanos sofrerão com o "tarifaço" que o prefeito decidiu fazer: por ampla diferença de votos, já no dia seguinte ao da eleição fomos todos "presenteados" com o aumento de dois impostos, o IPTU e o ITBI.

Livres do ovo que mataram ainda no ninho, Fruet e Ratinho Jr. sentem-se mais confortáveis para levar à frente o projeto comum que silenciosamente conjecturam: Ratinho apoiaria a reeleição de Fruet em 2016 e, em troca, receberia o apoio deste ao plano de se candidatar ao governo estadual em 2018.

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