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Olho vivo

Tá explicado

O jornalista Rogerio Galindo, desta Gazeta, listou que o governador Beto Richa é governado por três de seus mais íntimos auxiliares. Na enquete feita por Galindo, principalmente com deputados, foram citados, por ordem de influência, o chefe de Gabinete Deonilson Roldo, a esposa e secretária Fernanda Richa e o secretário do Cerimonial Ezequias Moreira. Um quarto nome foi citado: o do primo Luiz Abi, sem cargo, mas presença frequente no 3º andar do Palácio Iguaçu.

Ineditismo

Há poucos registros na história do Tribunal de Contas de editais de licitação aprovados com "ressalvas". Especialistas em administração pública não se recordam de casos parecidos com o do edital para a construção do metrô de Curitiba, que ficou pendurado meses no cabide de um conselheiro que, ao final de acurados exames, achou que a licitação para uma obra de mais de R$ 18 bilhões pode ser lançada, apesar das "ressalvas". Mas adverte: se no andamento do processo se verificar que o município não atendeu às ressalvas, o Tribunal poderá voltar a agir.

Despedida

Eleito deputado federal, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni, se despediu ontem dos colegas. Recebeu elogios pela direção que exerceu por quatro anos, período em que a "casa do povo" conseguiu restaurar um bom pedaço do respeito que havia perdido. Medidas moralizadoras foram tomadas, mas faltou uma que Rossoni ficou devendo: nunca pôs em votação o novo regimento da Assembleia, permitindo a continuidade do instrumento da "comissão geral", pelo qual os deputados são facilmente atropelados pelos autoritários "tratoraços" do Executivo.

A eleição da nova mesa da Câmara de Curitiba foi motivo de euforia para dois grupos políticos adversários e para tristeza de um terceiro que ensaiava sair das sombras. Eufóricos ficaram o prefeito Gustavo Fruet (PDT) e o deputado Ratinho Jr. (PSC), que se aliaram para "matar o ovo da serpente" representado por sete vereadores que seguiam a orientação política do ex-presidente da Casa João Cláudio Derosso.

O presidente eleito da Câmara foi o pastor Ailton Araújo, filiado ao PSC e, portanto, obediente à cartilha do presidente estadual da sigla, Ratinho Jr. Mas era também o candidato preferido de Fruet. Ambos esqueceram os xingamentos que desferiram um contra o outro quando foram adversários na eleição municipal de 2012 e se uniram para evitar que a Câmara voltasse ao tempo em que frequentava as páginas policiais.

De "lambuja", foi também de roldão a liderança que o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) exercia sobre alguns dos vereadores – três deles do seu partido. Dois fizeram parte do grupo derrotado e um se desgarrou do rebanho – no caso, a vereadora Dona Lourdes, que foi até contemplada com uma posição na nova cúpula.

A volta da Câmara às páginas policiais durou só 48 horas – a véspera e o dia da própria eleição, na terça-feira. Durante esse tempo houve gritos pelos corredores, uma "prisão domiciliar" num dos gabinetes, ofertas não republicanas, promessas de vantagens futuras e até mesmo uma "voadora" do atual presidente, Paulo Salamuni, que pôs literalmente no chão o vereador Pastor Valdemir (PRB), um dos líderes do grupo Derosso que pretendia retomar o Palácio Rio Branco.

Como de praxe, quase todos os vereadores – incluindo os que passaram a fazer oposição a Fruet e Ratinho – têm cargos na prefeitura ocupados por pessoas indicadas por eles. Não vai demorar muito para o Diário Oficial do Município passar a registrar exonerações – processo típico do modus operandi que sustenta a tal "governabilidade".

A governabilidade se dá pela formação de maiorias parlamentares fiéis ao Executivo. A nova maioria aumentou: dos 38 vereadores, 31 se renderam ao brilho da calvície do prefeito e à expectativa de poder do deputado Ratinho Jr. Graças a essa maioria fiel, os curitibanos sofrerão com o "tarifaço" que o prefeito decidiu fazer: por ampla diferença de votos, já no dia seguinte ao da eleição fomos todos "presenteados" com o aumento de dois impostos, o IPTU e o ITBI.

Livres do ovo que mataram ainda no ninho, Fruet e Ratinho Jr. sentem-se mais confortáveis para levar à frente o projeto comum que silenciosamente conjecturam: Ratinho apoiaria a reeleição de Fruet em 2016 e, em troca, receberia o apoio deste ao plano de se candidatar ao governo estadual em 2018.

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