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"O governador não pode se comportar como se fosse um achacador", afirmou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ontem, ao anunciar que às 11 horas desta sexta-feira estará no Ministério Público Federal, em Curitiba, para protocolar uma representação contra o governador Roberto Requião e pedir providências para "esclarecer as denúncias feitas por ele, que tentam me atingir pessoalmente."

Este, segundo o ministro, é apenas o primeiro passo para marcar sua reação. Dois outros já estão em marcha, na forma de uma ação cível e outra criminal. Os advogados Luiz Fernando Pereira e Juliano Breda, já bastante experientes no ofício de processar Requião e obrigá-lo a pagar seguidas indenizações aos ofendidos, foram contratados por Bernardo para tomar as providências judiciais.

A ação cível deu entrada ontem. A criminal será encaminhada somente após o dia 3 de abril "para que o futuro réu não tenha condições de se esconder, mais uma vez, atrás da condição de governador. Ele a responderá como cidadão comum, um pedestre qualquer", frisou o ministro.

Tudo começou na "escolinha" do dia 23 de fevereiro quando, diante das câmeras da Televisão Educativa, Requião procurou contestar reportagem da Gazeta do Povo que mostrava o Paraná como um dos estados que menos repasses obtêm do governo federal. Na matéria, uma frase de Paulo Ber­­­nardo, na qual lamenta que uma das causas disso seria a falta de empenho do governo do estado, provocou a ira do governador.

Requião acusou Paulo Ber­nardo de, em 2007, ter-lhe proposto um esquema de superfaturamento para a construção de um ramal ferroviário (Guarapuava-Ipiranga) – acusação que repetiu outras vezes em entrevistas, na agência estadual de notícias e no próprio Twitter. Neste, o governador levantou suspeitas também quanto a uma suposta compra de emissora de rádio por Paulo Bernardo, que teria pago R$ 700 mil em dinheiro vivo embrulhado num saco de estopa.

Em entrevistas, o ministro negou as acusações – mas agora informa que decidiu mudar a forma com que o episódio vem sendo tratado na imprensa. "Vejo divulgarem que troco acusações com o governador, o que não é verdade. Fui acusado e me defendi. Não tenho a menor intenção de descer ao nível que o Requião tenta me impor. Não vou ajudar a patrocinar um espetáculo deplorável para o povo paranaense, disse, acrescentado que após dar entrada nas ações, somente seus advogados tratarão do assunto. "Aliás, lamento ser o escolhido da vez para essas diatribes no nosso governador."

"O Paraná deixou de ter governo"

Outros trechos da entrevista de Paulo Bernardo:

"Se olharmos bem, veremos que o Paraná deixou de ter governo. O governador passa os dias planejando sua campanha ao Senado e atacando adversários. Tudo o mais foi deixado de lado. O problema dele é que perde cada vez mais a credibilidade."

"O governo federal tinha uma proposta de construção, através de parceria público privada, de um ramal ferroviário. Abriu mão dessa proposta para tentar apoiar a ideia do governo estadual de construir o ramal por outro traçado e queria dinheiro federal para isso. Custos semelhantes. Até hoje, nada aconteceu: as cargas continuam vindo do Oeste do estado em caminhões e pagando um pedágio alto, que não abaixou nem acabou."

"Se o governador considera que a pro­­­pos­­­ta que lhe fiz, em nome do governo federal, configurava uma negociata, por que não tomou providências três anos atrás? Por que só se manifesta agora, às vesperas da eleição? Poderia ser considerado como prevaricação dele. Mas é apenas uma mentira covar­­­de. Mais um desses ataques que ele aplica aos que considera adversários."

"O governador veiculou denúncia sobre a aquisição de uma rádio no interior, insinuando que eu a comprara, com pagamento em dinheiro, ‘num saco’. Isso foi repetido por deputados e por blogs no estado inteiro. Não comprei rádio coisa nenhuma."

"Esta é uma denúncia fácil de verificar (a da rádio). Basta que a Polícia Federal e a Receita intimem os proprietários e peçam explicações. A própria Polícia Estadual ou o Ministério Público do Estado poderiam fazer essas investigações. Conforme a gravidade dos fatos, seria o caso de interditar a rádio e cassar a concessão. O que não pode é o governador furtar-se ao dever de denunciar ao Ministério Público. O governador não pode se comportar como se fosse um achacador."

"Ele diz que tem CDs com gravações que me diriam respeito. Quem gravou isso? Que providências foram tomadas a respeito? Mais uma vez: por que ficar guardando essas coisas para usar no processo eleitoral? Ou são só invenções de mente fértil e, infelizmente, desocupada?"

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