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Os nomes para as eleições do ano que vem seguem indefinidos. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Os nomes para as eleições do ano que vem seguem indefinidos.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Enquanto não se tiver clareza de como será a nova lei eleitoral, que obrigatoriamente deve ser aprovada até início de outubro, políticos em geral e candidatos em particular ficarão pendurados no pincel. Não sabem se ficam nos atuais partidos; se houver janelas para a “infidelidade”, não têm ainda como decidir qual a legenda vão adotar; se candidatos a algum cargo, com quais outros partidos vão procurar fazer alianças. E assim por diante...

Somem-se a estas dúvidas outras questões não menos importantes. Grande parte dos partidos e de seus líderes figuram as planilhas de propinas e se enroscam nos processos da Operação Lava Jato. Como percebem que há um crescente movimento de ojeriza popular à corrupção e à imoralidade, temem os riscos de se apresentar novamente ao distinto público como candidatos. Perderam a virgindade; suas biografias estão escancaradas. Alguns até com o risco de se tornarem inelegíveis.

Nem todos os enigmas podem ser inteiramente decifrados agora, e a maior consequência é que definições de curto prazo ficam paralisadas.

Tome-se como exemplo a sucessão estadual, na qual despontam como pré-candidatos ao governo o secretário Ratinho Jr. (PSD), o ex-senador Osmar Dias (PDT) e o senador Roberto Requião (PMDB), os três primeiros colocados nas últimas sondagens do instituto Paraná Pesquisas, seguidos de muito perto pelo deputado Rubens Bueno. Bem na rabeira de pálidos 3 pontos, encontra-se Cida Borgheti, a vice-governador, mulher do ministro Ricardo Barros, chefão do PP no Paraná.

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Tudo bem que Ratinho não tem razões para dúvidas quando a permanecer no PSD, do qual é presidente ao mesmo tempo em que mantém o comando do PSC. Aflige-lhe, no entanto, a missão de juntar aliados à sua chapa – dois candidatos a senador e um a vice-governador, com prestígio e respeito suficientes para colocarem batatas em sua chaleira.

O que poderia ser uma aliança natural para Ratinho seria ter Beto Richa (do PSDB de Aécio Neves) como companheiro de chapa, candidato a senador. Mas até que ponto, com os altos índices de desaprovação ostentados pelo governador, sua presença no palanque mais tira do que põe votos em Ratinho? Não se tem muita dúvida de que para Richa haveria vantagem, mas o mesmo não se dá em relação a Ratinho, cuja estratégia é se apresentar como “novo”, sem ligações com a “velha” política.

Para Osmar Dias (PDT) os problemas não são menores. Está ainda num partido marcado por ligações com Lula e Dilma e que já tem um candidato à presidência, o ciclotímico ex-governador cearense e ex-ministro Ciro Gomes. Como conviver com a fidelidade formal ao partido e ao candidato se, ao mesmo tempo, é irmão do senador Alvaro Dias, declarado e já lançado pré-candidato a presidente pelo Podemos?

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Osmar não tomou ainda uma decisão, se sai do PDT e faz companhia ao irmão no Podemos. A companhia fraternalmente obrigatória e amarrar uma candidatura à outra só lhe trará vantagens, dada a perspectiva de que Alvaro tende a despontar como o mais votado candidato a presidente no Paraná, sua terra.

Mas isto não lhe basta. Em qualquer situação, seja no PDT ou no Podemos, falta-se um fator importante: tempo de televisão para a propaganda eleitoral. E isto só se consegue com a formação de alianças partidárias com grandes e pequenas legendas que, somadas, poderão dar-lhe a exposição mínima desejável. Num país dominado pelo fisiologismo, onde pululam siglas de aluguel, estas costumam escolher os candidatos com mais poder de fogo, com máquinas na mão e ofertas desbragadas de obrinhas, cargos e vantagens. São mercadorias que Osmar não está disposto a oferecer nem a comprar.

Já o senador Roberto Requião se diz candidato a governador. Mas não é. Seu objetivo é guardar o rebanho, não deixá-lo escapar de seu controle. O PMDB não tem candidato viável no Paraná - a não ser o próprio Requião. Que, no entanto, não pretende se arriscar nesta aventura sabendo que a reeleição ao Senado está mais ao alcance da mão. Incomoda-o apenas não saber ainda onde vai amarrar seu burro. Claro que não em aliança com o grupo Beto Richa, ao qual faz oposição. A preferência o direciona para repetir a eleição de 2010, quando se fez candidato a senador na chapa de Osmar Dias. Requião tirou vantagem, ganhou o Senado, mas transmitiu sua contagiosa rejeição ao companheiro. Osmar vai querer repetir? Eis a questão.

Rubens Bueno (PPS), embora bem colocado nas pesquisas para governador, foca mesmo suas intenções no Senado. O eleitorado o conhece mais pelo perfil parlamentar, contundente na oposição aos governos Lula, Dilma e Temer, sem escalas.

Drama maior vive a vice-governador Cida Borgheti. Ela e o marido esperavam que Beto Richa deixasse o governo para se candidatar ao Senado, mas ficaram em dúvida depois da última conversa (esta semana) que mantiveram o governador. Beto se comportou como uma esfinge quanto às suas intenções. Se o governador renuciar em abril do ano que vem, Cida assumiria o governo e se cacifaria como participante viável na disputa pelo Palácio Iguaçu. Se Beto ficar, ela tende também fica – mas em compensação não é improvável que Ricardo Barros se assanhe para disputar o Senado, um concorrente peso-pesado capaz de conturbar os dias finais de Richa no poder.

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