Ao longo de três anos de gestão, os cofres administrados pelo governador Beto Richa vão arrecadar cerca de R$ 110 bilhões soma das receitas orçamentárias de 2011 até o final da gestão em 2014. É certo que porcentuais significativos são transferidos para os demais poderes Judiciário, Legislativo, Ministério Público, Tribunal de Contas , assim como para pagamento do inchado quadro de funcionários. Obras até agora foram poucas, mas mesmo assim o Executivo enfrenta dificuldades de caixa que se assemelham àquelas que, na década de 1950, atormentaram Moysés Lupion, que mal conseguia pagar os servidores. Segundo o governo, o caixa depauperado que o impede até de pagar contas de telefone é resultado da má-vontade do governo federal, que lhe dificulta acesso a empréstimos de R$ 3,5 bilhões. Se os empréstimos tivessem saído, tudo seria diferente, argumenta o desalentado governador. Agora, pensando bem, R$ 3,5 bilhões representam apenas pouco mais de 3,1% de tudo quanto o governo arrecadará em quatro anos. Então, pergunta-se: será que, bem administrados, dos R$ 110 bilhões de receita não poderiam ser economizados esses 3,1% que diz fazer tanta falta?
Paz entre Alvaro e professores?
O dia 30 de agosto de 1988 ficou marcado na história da educação do Paraná como o dia em que a Polícia Militar usou bombas e cavalaria para expulsar da frente do Palácio Iguaçu centenas de agitados professores em greve. Marcou também a história política de Alvaro Dias, o governador da época, desde então tido como inimigo da categoria, que todos anos, na mesma data, vai às ruas relembrar o episódio.
Quis o destino, no entanto, 25 anos depois e no seu terceiro mandato de senador, que Alvaro Dias seja hoje o relator do Plano Nacional de Educação (PNE), em final de tramitação no Congresso. E aquilo que era até há pouco tempo impensável, aconteceu na tarde da última sexta-feira um encontro amigável com a presidente da APP Sindicato, professora Marley Fernandes, no escritório de Alvaro em Curitiba.
A APP foi levar ao senador reivindicações do professorado que espera que sejam incluídas no PNE. E ouviu dele que a maioria dos itens já foi incorporada. Deu destaque, por exemplo, a um capítulo a que vem dando prioridade, justamente o que promove a valorização dos professores pela oferta de oportunidades para aperfeiçoamento profissional e por melhores salários.
O senador, segundo informou à APP, espera que o PNE institua um sistema de penalização dos gestores públicos, que passarão a incorrer em crime de responsabilidade se não cumprirem suas obrigações com a educação. Estados e municípios que também não pagarem o piso salarial nacional dos professores poderão ser punidos com a proibição de repasses da União.
Pelo menos durante a reunião com a presidente da APP tudo transcorreu em paz. Sem bombas nem cavalos.



