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Olho vivo

Ciúmes 1

A eliminação da multa aumenta a distância política entre Pessuti e Requião. Se o ex-governador estava aborrecido com a "independência" do seu sucessor, encontrou agora motivos para outro sentimento – o de ciúmes. Algo, aliás, que Requião não escondeu em tempo real: durante a sessão do Senado que discutia, à tarde, a aprovação do projeto de resolução, ele batucava no seu Twitter frases que não escondiam o ressentimento.

Ciúmes 2

Numa das mensagens, Requião culpava o PT e, especificamente, o senador Aloizio Mercadante pelo insucesso de suas iniciativas para anular a multa. Noutro, achava pouco o que se estava obtendo: "o que o Senado vota é o fim da absurda multa imposta ao Paraná pelo governo federal. Remanesce a dívida surrealista com o Itaú", escreveu. Por fim, reclamou também méritos próprios: "Esta luta é minha e de todo Paraná".

Um voto

Um pedido de vista do juiz Luiz Fernando Keppen adiou para hoje, no TRE, o julgamento do recurso que pede o prosseguimento de ação que acusa do ex-prefeito Beto Richa de ter feito uso de caixa 2 em sua campanha de reeleição. A sessão de ontem foi interrompida logo após o voto do relator, desembargador Irajá Prestes Mattar, favorável à continuidade do processo. Hoje, quem presidirá o julgamento será a desembargadora Regina Portes, que volta de férias.

Até anteontem se achava que o governador Orlando Pessuti, nesses seus 30 dias de mandato, estava conversando e trabalhando muito, mas produzindo pouco. Vinte e quatro horas depois ele deu sua resposta aos críticos: conseguiu no Senado a eliminação da multa de quase R$ 7 milhões mensais que o Paraná pagava à União – conquista que o seu antecessor, Roberto Re­­­quião, não conseguiu em sete anos e três meses de xingamentos.

A lição vai além da própria vitória ao mostrar que, se as forças políticas do estado, sejam elas de que partidos forem, quando mobilizadas, podem produzir bons resultados. E foi isso que Pessuti fez durante o mês: conversou com todo mundo que poderia ajudar e agiu pessoalmente fazendo "lobby" junto a ministros, senadores, deputados e técnicos do governo federal que ainda teimavam em dificultar o atendimento à reivindicação paranaense.

As primeiras horas de seu governo, na Sexta-Feira Santa, foram aproveitadas com uma conversa, em sua casa, com o senador Osmar Dias, do PDT – tanto quanto ele candidato ao governo do estado e, portanto, potenciais adversários na eleição de outubro. Em seguida falou com os senadores Alvaro Dias e Flávio Arns, assim como com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Esses encontros serviram para traçar a estratégia de ação que, dali em diante, seguiriam para derrubar a multa por meio da aprovação de uma nova resolução do Senado Federal.

O projeto, de autoria do senador Osmar Dias, estava encalacrado nas comissões do Senado desde 2008. Pela agilidade com que ele foi aprovado ontem – graças exatamente à união dos três senadores paranaenses e de alguns deputados – pode-se, agora, ter certeza de que só não prosperou durante os quase dois anos passados em razão da má-vontade que o então governador do Paraná despertava entre os que poderiam ajudá-lo a vencer a batalha.

Ficou claramente demonstrado que as encenações de protesto contra a multa protagonizadas semanalmente na "escolinha" decididamente não eram o método correto. Se o fossem, de há muito o Paraná poderia estar livre da pena de multa a que, desde 2004, estava sendo submetido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e que, ao longo desse tempo, somaram R$ 260 milhões.

O perdão da multa, porém, não representa uma vitória completa. Pessuti, se ainda tiver tempo e disposição nesse curto mandato de nove meses, terá de vencer outra batalha, certamente mais dura do que a encerrada ontem. A batalha será provar ao banco Itaú que não é o Paraná que lhe deve R$ 9 bilhões, mas os estados e municípios que emitiram o títulos públicos que foram parar no caixa do banco quando da privatização do Banestado.

Se, na primeira fase, além de argumentos técnicos, valeu o "jeitinho" político, nesta segunda vão valer providências bem mais complexas. Primeiro, porque se vai ter pela frente não políticos, mas poderosos banqueiros, gente que, como se sabe, está sempre mais interessada no balanço do fim de ano do que em qualquer outra coisa. Vai depender também da Justiça, onde tramitam as ações de cobrança do Itaú.

Nesse caso, não é a parceria entre Pessuti, Osmar, Paulo Ber­­nardo e a bancada que vai resolver. Mas a competência do "staff" jurídico do governo. E quem sabe alguma negociação com o banco.

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