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A revelação feita por esta coluna na sexta-feira de que o badalar de um sino na Bolsa York vai custar cerca de R$ 250 mil aos cofres públicos paranaenses provocou mau humor no Palácio das Araucárias. A ponto de a Agência de Notícias do governo produzir um irado manifesto na tentativa de desmentir a informação.

Mas, como em tudo que faz, de novo se observou na nota do governo o interesse de evitar a qualquer custo a transparência que apregoa. Eis os pontos:

- Desmente que dona Maristela Requião faça parte da comitiva que viajou a Nova Iorque. Entretanto, não esclarece que outra viagem fez (ou fará) a primeira-dama ao custo de R$ 21.740,00, conforme estava registrado até quinta-feira no site Gestão do Dinheiro Público, logo abaixo do registro das despesas de viagem de Requião, no valor de R$ 19.693,44 (ver reprodução ao lado).

- Diz que a viagem não custará os R$ 250 mil citados pela coluna. Mas não informa quanto o Erário dispenderá com os supostos oito integrantes da comitiva com passagens, hospedagem em bons hotéis de NY, refeições, traslados etc.

- Afirma que os R$ 30 mil para "passagens e locomoção", que também aparecem no site Gestão do Dinheiro Público, não se referem a essa viagem. Informa que "o valor é destinado às despesas de locomoção para o corrente exercício, ou seja, todo ano de 2007". Não confere, pois nesse caso não se justificariam os 11 registros de despesa com passagens e locomoção que totalizam R$ 596 mil. Cada registro informa que se trata de despesa "no corrente exercício".

- E agora a pérola: a nota do governo diz que "é uma pena que a Tecnologia da Informação não elimine o risco da manipulação de dados para a crítica que deve ser impressa a qualquer custo. Inclusive do valor incalculável da verdade". É verdade: os dados originais, nos quais se baseou a coluna na quinta-feira, foram manipulados: desde sexta-feira não são iguais! Não é novidade: o governo também não fez dois balanços?

Quem manipula?

Na quinta-feira, dia 26, o site gestão do dinheiro público, apresentou a tabela acima. Nela, aparece uma despesa de viagem da primeira-dama Maristela Requião no valor de R$ 21.740,14, assim como a do governador, com R$ 19.643,44. Na sexta, depois da nota na coluna, o mesmo site manipulou os dados e passou a registrar valores bem menores. Veja abaixo.

O conselho era incômodo

Para ordenar o crescimento do litoral do estado e, ao mesmo tempo, evitar a degradação das praias do Paraná, em 1984 o então governador José Richa criou o Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense.

Era formado por representantes do governo estadual, os prefeitos dos sete municípios da região, órgãos de defesa ambiental, associações comunitárias, federações de trabalhadores, além de indicado pelas quatro federações empresariais do Paraná – Faep, Fiep, Federação do Comércio e Federação do Comércio Varejista. O presidente do Conselho é sempre o secretário do Meio Ambiente.

Pois bem: não mais do que de repente um decreto do governador Roberto Requião (828/07) muda a composição do Conselho: as federações empresariais perderam assento no colegiado e não mais poderão participar das decisões dele. Elas receberam esta semana ofício assinado pelo atual presidente, secretário Rasca Rodrigues, informando-as da destituição.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura, Ágide Meneguette, "foi um ato de vingança do governador". Explica: há poucos meses, o governo tentou esvaziar o Conselho criando um outro conselho para absorver atribuições estratégicas do primeiro – ou seja, para dar liberdade ao governo agir como quisesse em questões tão graves quanto a dragagem do Porto de Paranaguá, a construção de uma nova rodovia ligando Paranaguá a Antonina, a implantação do novo porto da Ponta do Poço, zoneamento urbano etc.

As federações empresariais reagiram, demonstraram a ilegalidade da pretensão do governo e não concordaram em ser alijadas de assuntos como esses. Resultado: o governo tomou outro caminho e, por decreto, sem discutir com ninguém, reformulou o Conselho e expulsou a representação empresarial.

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