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Celso Nascimento

O caso dos radares e o julgamento do deputado

Objeto permanente de críticas e de desconfianças da população, os radares que fiscalizam o trânsito de Curitiba voltaram a ser assunto predominante em todos os meios. Isso graças à reportagem do Fan­­tástico da noite do último domingo, na Globo. Com câmeras escondidas, os repórteres da televisão registraram impressionantes confissões de diretores e funcionários de empresas que prestam o serviço de radar a vários municípios brasileiros – dentre os quais, com destaque, Curitiba.

Além da clara admissão de que várias das empresas conseguem que os editais de concorrência das prefeituras sejam direcionados a seu favor – mediante, claro, o pagamento de "comissões" – uma outra grave irregularidade foi revelada por funcionário da prestadora do serviço de Curitiba, a Consilux. Segundo ele, Heterley Richter Jr., registros de infrações poderiam ser suprimidos em benefício de infratores influentes. Heterley foi afastado da empresa ontem mesmo, segundo nota oficial divulgada pela Consilux.

A empresa diz ser impossível tal manipulação, pois os radares de Curitiba transmitem os registros de veículos em excesso de velocidade automaticamente para a Urbs – a empresa municipal com a qual mantém contrato.

Mesmo que tenha sido negada pela Consilux, a afirmação de seu funcionário – que, aliviado, disse na gravação que "graças a Deus" nunca ninguém havia comprovado fraudes do gênero – pode ter influência sobre o polêmico caso do ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho.

Como se recorda, o parlamentar se envolveu em 2009 em acidente de trânsito em que morreram dois jovens que ocupavam outro veículo. Segundo peritos, o deputado desenvolvia velocidade de 171 km/h quando bateu no outro carro, numa via monitorada por radares. Entretanto, não há imagens nos arquivos digitais gerados pelo equipamento.

Teriam sido fraudulentamente suprimidas? Não há provas conclusivas a este respeito, mas a defesa contratada pelas famílias dos jovens mortos no acidente já se prepara para incluir o depoimento do funcionário da Consilux para instruir a acusação contra o ex-deputado – que ainda tenta se livrar do júri popular que poderá condená-lo por crime de trânsito.

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Embora o caso do deputado seja um aspecto paralelo decorrente das denúncias do Fan­­­tástico, elas também mexeram com as estruturas municipais e de outras instâncias. Até a OAB já se manifestou e convocou reunião de emergência para tratar do assunto.

O prefeito Luciano Ducci também se obrigou a tomar providências e determinou a abertura de uma investigação na Urbs para apurar as supostas irregularidades no contrato que a empresa municipal mantém com a Consilux.

Na Câmara Municipal, a minoritária oposição pretendeu instaurar uma CPI – mas a majoritária bancada situacionista reduziu a intenção a um simples "pedido de informações" a ser dirigido também à Urbs, com 15 dias de prazo máximo para que ela se manifeste. O requerimento será votado na sessão de hoje à tarde.

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