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Olho Vivo

Culpa de quem? 1

Seriam os juízes do interior tão insensíveis ao drama da superlotação das cadeias de Curitiba? O governador Roberto Requião acha que sim. Ele culpa pela situação alguns juízes que se recusam a receber detentos que excedem a capacidade dos xadrezes da capital em presídios de suas comarcas que ainda dispõem de vagas. Requião designou o secretário da Justiça, desembargador Jair Braga, para negociar com o Tribunal de Justiça a transferência dos excedentes para o interior.

Culpa de quem? 2

O problema é o número citado pelo governador. Pelos seus cálculos, a superlotação das cadeias é decorrente de um excedente de apenas 300 presos. A Ordem dos Advogados do Brasil, no entanto, fez um levantamento que aponta uma realidade bem diferente: segundo relatório da entidade, em 17 unidades de Curitiba que inspecionou havia 1.450 presos para uma capacidade de 475. O excesso, portanto, segundo a OAB, seria de mil detentos – mais de três vezes o número citado pelo governador.

Violência

Por falar nisso, em seu discurso de prestação de contas na Assembleia, afora a citação de que construiu penitenciárias novas, Requião não falou de segurança pública e nem de redução da criminalidade entre os avanços de seu governo. Espera-se para os próximos dias o relatório trimestral da Secretaria da Segurança que complementará os dados da violência registrada no Paraná em 2008.

A Assembleia Legislativa engalanou-se com a presença do governador Roberto Requião, ontem, na abertura dos trabalhos de 2009. Deputados e demais autoridades presentes à sessão ouviram com atenção o longo discurso em que descreveu a existência de um Paraná e de um governo que, até então, quase todos desconheciam.

Segundo o governador, um Paraná que mantém ritmo de prosperidade sem precedentes em sua história por duas razões até então insondáveis. Primeiro, porque anteviu a crise mundial – aliás, descrita em tom magistral desde que ela começou a surgir em Bretton Woods (EUA), em 1944; e segundo porque seu governo há muito aplica receitas originais e infalíveis para prevenir o estado das intempéries da economia mundial.

Todos ficaram maravilhados e aplaudiram. Principalmente quando ele se queixou de ouvir todas as manhãs que seu governo não realiza obras. "Isto é má-fé cínica ou ignorância córnea", afirmou.

O diapasão otimista que permeou todo o seu discurso não abriu espaço para a crítica contundente aos adversários reais e imaginários que costumam dar tom à retórica. Quando o fez foi de forma indireta. E nesse caso o atingido foi o prefeito Beto Richa, um dos participantes da mesa de honra.

Requião anunciou sua disposição de continuar gastando o máximo. Prometeu, por exemplo, dar o maior aumento possível ao funcionalismo neste ano e de destinar vultosos recursos aos municípios. Nesse trecho, o discurso mais pareceu coisa de palanque eleitoral – mas a justificativa que deu é mais nobre: investir muito dinheiro público é o melhor remédio para dinamizar a economia, algo imprescindível nesses dias de crise braba. Deve ter aprendido com o presidente norte-americano Franklin Roosevelt, que tirou os Estados Unidos da crise de 1929 fazendo obras.

Foi o gancho que encontrou para criticar os governantes que anunciaram corte de gastos – a exemplo do que fez o prefeito Beto Richa, que instituiu um choque de gestão e mandou reduzir 15% das despesas previstas.

"Cortar gasto – disse o governador – é a saída clássica, pouco criativa, desiluminada, preguiçosa ou, quando não, espertalhona. Vejo aí muitos estados e prefeituras quebrados que aproveitam a crise para supernder obras que não fariam nunca. E proclamam que estariam fazendo um choque de gestão!"

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Renovação

O deputado Nelson Justus foi reempossado no cargo de presidente da Assembleia ontem juntamente com todos os demais membros da nova mesa eleita em dezembro. A ocasião festiva inspirou-o a fazer um discurso de renovação da promessa de completar o processo de implantação de medidas de transparência na gestão da Casa, por meio de um projeto de resolução. Disse que já nos "próximos dias", porém, o público poderá acessar na página da Assembleia na internet a "lista dos funcionários e a composição de gastos dos gabinetes dos parlamentares".

Também "nos próximos dias" se reunirá com as bancadas "para comunicar estas medidas administrativas e para recolher sugestões de aperfeiçoamento", antes de enviar ao plenário o projeto de resolução com que pretende institucionalizar todas as medidas.

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