Jovem, dono de bons atributos pessoais e morais e, sobretudo, de um carisma excepcional junto aos estratos mais periféricos da sociedade, o deputado Ratinho Jr. reúne todas as qualidade para fazer uma boa carreira política e alçar voos mais altos. Não fosse um inesperado segundo turno, no qual esperava enfrentar Luciano Ducci e não Gustavo Fruet, já teria conquistado a prefeitura de Curitiba em 2012.

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Tropeçou neste trampolim, mas não perdeu a condição de continuar nadando com algum brilhantismo. Tanto que, na eleição seguinte, em 2014, se elegeu deputado estadual com uma votação histórica – 300 mil votos – e ajudou a eleger a maior bancada da Assembleia para o seu partido, o PSC, com 12 deputados.

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Sua ambição imediata naquele momento era se tornar presidente da Assembleia e estava perto de conseguir chegar ao posto se não tivesse optado por uma viagem ao exterior no momento em que deveria estar aqui para dar os pontos finais na costura política. A presidência da Alep escapou-lhe pelos vãos dos dedos e caiu nas mãos do deputado Ademar Traiano, apoiado pelo Palácio Iguaçu.

Nem por isso seu balão se esvaziou completamente: ganhou o cargo de secretário de Desenvolvimento Urbano, pasta com orçamento bem fornido de verbas e aparelhada para mexer com a vida de os prefeitos de todo o Paraná. Alguns paralelepípedos aqui, outros asfaltinhos acolá e, pronto, já estaria com meia campanha feita para o governo estadual na sucessão de Beto Richa em 2018.

O ano de 2015 parecia sorrir para ele – mas bastaram algumas semanas da nova gestão, agora comandada pelo secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, para que ele perdesse o domínio do Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), principal e maleável fonte de recursos para agradar prefeitos gregos e troianos. Ficou com a escada, mas tiraram-lhe o pincel.

Em seguida, veio a crise que assolou o governo Richa a partir, principalmente, de fevereiro. Foi ali que começou a briga com os professores (que culminou com o massacre de 29 de abril) – três meses em que viu se esfarelar a coesão da sua numerosa bancada. Pelo menos quatro de seus deputados libertaram-se da cega obediência que lhe devotavam.

Ao mesmo tempo em que passou a ser também hostilizado em praça pública, Ratinho Jr. não conseguiu evitar a derrocada do transporte metropolitano integrado. Sem condições de manter o subsídio estadual para as linhas que servem os municípios vizinhos a Curitiba, acabou se tornando refém das empresas que prestam o serviço. Hoje, com o controle da bilhetagem, são elas que recebem antecipadamente e informam à Comec (órgão da Sedu) o quanto arrecadaram. A palavra das empresas virou uma questão de fé.

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Quem mais está sofrendo com os efeitos da desintegração do transporte são os passageiros/eleitores – agora obrigados a ter dois cartões – que antes lhe garantiam as maiores votações a Ratinho.

O desgaste político, por esta e pelas demais razões, já se observa nas pesquisas. Quando citado entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, por exemplo, Ratinho Jr. foi o que proporcionalmente mais perdeu substância (caiu de 38% para 25% na sequência das três últimas sondagens do Paraná Pesquisas), embora ainda mantenha a liderança.

Governo do estado em 2018? Com apoio de Beto Richa? Tarefa a cada dia mais difícil, sobretudo porque os bônus de estar secretário são, até o momento, bem menores do que os ônus. Principalmente quando vê surgir na raia uma desenvolta (e bela) vice-governadora, Cida Borghetti, que estará no comando do estado se Richa renunciar aos nove meses finais do seu mandato para concorrer a outro cargo e manter a imunidade.

Neste caso, Cida Borghetti com certeza será candidata à reeleição, concretizando o projeto que ela e seu marido, o deputado Ricardo Barros, desenharam quando seu nome foi imposto para compor a chapa de Beto Richa na eleição de 2014. Aliás, foi nesta ocasião que o nome de Ratinho Jr., também cotado para a vice, foi preterido pela primeira vez.

Mas, com Cida candidata e representando basicamente o mesmo grupo político, estreitam-se (ou se anulam) as chances de Ratinho disputar o Palácio Iguaçu. De eleição majoritária sobra concorrer à do Senado, quando terá de se defrontar com nomes de peso – dentre os quais o próprio Beto Richa, além de Roberto Requião, Osmar Dias e até mesmo Gleisi Hoffmann.

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A história de Ratinho, se ele não souber dar a volta por cima, pode lembrar o título de um filme famoso: o incrível homem que encolheu.