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No princípio era a multa. Sete anos de discursos raivosos não conseguiram livrar o Paraná da obrigação de pagar à União milhões todos os meses como penalidade pela inadimplência na quitação do títulos públicos envolvidos na venda do Ba­­nestado para o Itaú. Dois meses de serena negociação solucionaram o problema: o estado livrou-se da multa, passou a receber o dinheiro de volta e, de lambuja, ainda limpou seu nome na lista dos maus pagadores.

Agora chegou a vez de outro encruado problema – o pedágio, aquele que prometeram que baixaria ou acabaria já nos idos de 2003. Caminha-se agora para uma solução negociada. Acabar não vai acabar, baixar, talvez. Ou, quem sabe, obras previstas para o fim do contrato com as concessionárias em 2023 sejam antecipadas. Principalmente duplicações de trechos considerados estratégicos.

Esse foi o tema do encontro convocado ontem pelo secretário dos Transportes, Mário Stamm Jr., com representantes das seis concessionárias que administram os 2,5 mil quilômetros do Anel de Integração. Foi uma primeira conversa. Ainda há muito a ser tratado e combinado nos próximos meses.

Nessa primeira, Stamm quis apenas sentir o que pensam as empreiteiras. Não fez propostas e nem esperava que elas fizessem. A única coisa que ficou acertada foi que, num prazo entre 15 a 30 dias, elas retornem ao seu gabinete para dizer se concordam (ou não) em iniciar as duplicações ou antecipar outras obras e sob que condições.

É nessas tais inevitáveis condições que está o X da questão. É provável que as concessionárias queiram, em troca da sua boa vontade, prorrogar por mais alguns bons anos o contrato que mantêm com o governo. O secretário gostaria de ouvir mais do que isto. Ficaria feliz se pudesse, em seguida, transmitir ao governador Orlando Pessuti que elas estariam também dispostas a reduzir as tarifas e, de comum acordo com o governo e com a contrapartida deste, retirar as dezenas de ações bilionárias que tramitam na Justiça.

O início das conversações, desde a posse de Pessuti, demorou quatro meses. Nesse período, no entanto, segundo revela Stamm, o governo não ficou parado. Engenheiros e advogados se aprofundaram no diagnóstico das concessões, tanto do ponto de vista técnico quanto jurídico. e já sabe o quanto pode esticar a corda quando receber as primeiras propostas concretas das concessionárias.

Olho vivo

Doações 1

O repórter André Gonçalves, correspondente desta Gazeta, visitou o Escritório de Representação do Governo do Paraná em Brasília e ficou surpreso com o vazio que o ex-chefe, Eduardo Requião, deixou no ambiente. Não o vazio humano, mas dos móveis e adereços de decoração que o caminhão de mudanças foi buscar a mando dele. "São objetos meus e da empresa da minha esposa que estavam emprestados para o Escritório", explicou Eduardo. Portanto, nada mais justo que os levasse para casa.

Doações 2

O problema é que a história de agora não coincide com a história que ele próprio contou quando da inauguração das novas instalações da Representação, em maio do ano passado. Na ocasião, revelou que foram gastos R$ 636 mil com a reforma das dependências – dinheiro que veio de empresas públicas e autarquias do governo estadual, mas também de doações de "algumas empresas que operavam no porto. Coisas como pintura, tapetes, móveis, piso, nenhuma doação ultrapassou R$ 20 mil".

Doações 3

A dúvida: a doação dessas empresas foi para o Escritório, para a empresa da mulher ou para a pessoa física de Eduardo Requião? Segundo registros oficiais, entre uma dezena de doadoras de móveis e utensílios constam a Cattalini (terminal de combustíveis), a Alcoopar (associação de usineiros de álcool para quem foi entregue o terminal de álcool) e a Paraná Operações Portuárias (Pasa). Tais empresas devem saber para quem deram.

Na trave

Bateu na trave a intenção de tirar poderes do Conselho de Administração (CAD) da Sanepar. Da pauta da reunião de ontem constava a proposta de passar para a competência da diretoria assuntos que só podiam ser resolvidos pelo Conselho. Por exemplo: despesas superiores a R$ 100 mil e decisões sobre processos de licitação passariam a ser atribuição da diretoria e não mais do CAD – ou seja, ficariam à margem do conhecimento dos acionistas que compõem o Conselho. A polêmica causada foi tanta que os membros do Conselho decidiram não decidir.

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