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Olho vivo

No Senado

O empresário e suplente de deputado Marcelo Almeida é o candidato a senador do PMDB, companheiro de chapa de Requião. Enfrentará diretamente o senador Alvaro Dias, do PSDB.

E o vice?

Sem o PMDB ao seu lado, Beto Richa precisa rearrumar a casa. Quem será seu vice? O deputado Eduardo Sciarra (PSD) se habilita para o cargo, mas concorre com um companheiro de partido, o banqueiro Joel Malu­celli. O PT também enfrenta o mesmo problema: quem será o vice de Gleisi? E o senador da sua chapa?

Quarta opção

O deputado Rubens Bueno, presidente estadual do PPS, não entendeu o apoio que o presidenciável Eduardo Cam­pos (PSB) anunciou para Beto Richa, quinta-feira, em Lon­drina. PPS e PSB são aliados nacionais. Bueno, porém, ainda mantém o plano de se colocar como uma quarta opção para o governo estadual.

Luiz Vaz de Camões não era nenhum dos convencionais do PMDB que, na última sexta-feira, optaram pela candidatura própria e lançaram o senador Roberto Requião para disputar o Palácio Iguaçu. O autor d'Os Lusíadas, embora caolho, parecia antever o resultado quando, há quatro séculos, escreveu o verso "cessa tudo quanto a antiga musa canta".

De fato, revelaram-se redondamente erradas as previsões daqueles que garantiam que, em votação assaz folgada, o PMDB entraria em coligação com o PSDB para reeleger o governador Beto Richa. Perderam, pois, a primeira rodada, 11 (dos 13) deputados estaduais peemedebistas e, principalmente, o governador Beto Richa.

Os primeiros porque terão agora muito mais dificuldades de reeleição. Sem coligação nas proporcionais com outros partidos fortes, os atuais deputados dependerão apenas das próprias pernas para obter votações substanciais para manter suas cadeiras. Um deles já fez os cálculos: "Só se reelegerão os que fizerem mais de 100 mil votos", lamenta, pensando no futuro sombrio que ele próprio aguarda.

E perdeu, sobretudo, o candidato à reeleição, Beto Richa. Perdeu (1) quase quatro minutos no horário de propaganda eleitoral gratuita; (2) a oportunidade de liquidar a eleição já no primeiro turno se tivesse de polarizar apenas com a petista Gleisi Hoffmann; e (3) a tranquilidade de não precisar enfrentar a artilharia crítica que Requião fará recair sobre sua cabeça.

Um efeito paralelo ao resultado da convenção do PMDB é o de "incendiar" a campanha que se avizinha. Esperava-se que fosse morna se os protagonistas fossem apenas os "lights" candidatos Richa e Gleisi – um frequentemente alcunhado de "piá de prédio", outra, com leve toque pejorativo, como "a bela". Mas entra agora no jogo a conhecida "fera", Requião, para fazer o tipo leão da Metro a rugir cada vez que aparecer na tela.

Tudo bem. Temos aí uma boa trinca para animar o baile político dos próximos meses. Poderá até ser divertido – mas seguramente não é de diversão que o estado precisa. O que o Paraná precisa é contar com a seriedade e a consciência do eleitor no processo de escolha para não comprometer o futuro do estado – já cansado de bravatas, de promessas não cumpridas e de gols contra. De todos os que se interessam pelo futuro, o único que não pode perder é o Paraná.

O que vem por aí

Vencida a etapa de se impor como candidato, a despeito de ter tido contra si forças poderosas, o senador Roberto Requião vai agora seguir sua antiga prática de mostrar os dentes. Sabe que seus altos índices de rejeição são um empecilho quase intransponível para chegar ao Palácio Iguaçu. E por isso é de se esperar que repita a sua técnica tradicional de contaminar os adversários com o mesmo mal de que sofre – isto é, de exacerbar a rejeição aos outros.

Foi o que fez em 1990, quando foi candidato pela primeira vez ao governo. Eram também três os candidatos principais – José Richa (disparado na frente), José Carlos Martinez (bafejado pelo prestígio de que ainda dispunha seu padrinho, Collor de Melo) e ele, que figurava num modesto terceiro lugar, aparentemente longe de se credenciar para o segundo turno.

Requião mirou seus ataques, então, em José Richa. E tanto atirou que jogou o adversário para um impensável terceiro lugar. Depois, no segundo turno, assestou suas baterias malignas contra Martinez, que sucumbiu sob a falsa acusação de que empregava o fictício pistoleiro "Ferreirinha". E foi assim que Requião ganhou aquela eleição.

A pergunta agora é: contra quem Requião vai atirar primeiro? Contra Beto Richa ou contra Gleisi? A partir de agosto, quando a campanha começar de fato, ele escolherá o adversário que considerar mais vulnerável.

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