O vice-governador Orlando Pessuti já colocou em marcha seu projeto de ser candidato ao governo estadual em 2010 pelo PMDB. Para viabilizar a idéia, ele reconhece que, primeiro, precisa se tornar mais conhecido e aceito pelo eleitorado de Curitiba e região metropolitana – uma massa de 3 milhões de votantes sem a qual é impossível realizar qualquer sonho majoritário.

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Mas esse não é o seu único nem, talvez, o maior problema. Maior problema é convencer internamente o próprio PMDB, hoje dividido entre os "velhos de guerra" e os "cansados de guerra". Estes últimos acreditam que é melhor o partido nem lançar candidato próprio, tal o desgaste político a que foi submetido no Paraná pelos "velhos de guerra", dentre os quais se alinha – e ainda lidera – o governador Roberto Requião.

Os cansados responsabilizam os velhos pelo desempenho sofrível do PMDB na última eleição: perdeu fragorosamente em todos os maiores colégios eleitorais do estado e colheu em Curitiba o seu pior resultado, onde seu candidato não conseguiu alcançar sequer a marca de 2% dos votos. Está certo que fez o maior número de municípios (135), mas todos muito pequenos e graças muito mais ao prestígio local e pessoal dos seus candidatos do que em razão da suposta força política que deveria emanar do Palácio das Araucárias.

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Pessuti, em tese, pela tradição de fidelidade que dedica ao PMDB – único partido em que militou desde o início da carreira, há 30 anos – poderia ser classificado como membro da ala dos velhos de guerra. Mas também está cansado – não a ponto, contudo, de desistir da guerra, mas agora em favor do seu próprio projeto.

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Assumindo o governo, vice poderá impor a candidatura

Nesse caso, terá de mostrar-se mais forte e mais articulado do que o governador Roberto Requião, que tem dado seguidamente dois sinais: a) que não quer Pessuti para sucedê-lo; e b) que pretende lançar um "laranja" (fala-se no secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari) a exemplo do que fez em Curitiba com Carlos Moreira Jr. A estratégia de lançar um candidato que não atrapalhe a oposição abriria a Requião a perspectiva de fazer um acordo branco para facilitar sua eleição para o Senado.

Esses movimentos do governador e dos seus companheiros velhos de guerra são identificados por Pessuti como o fogo amigo que terá de enfrentar para viabilizar a candidatura. Diz ter uma arma para afastá-los do caminho: pó-de-mico. Ele explica a utilidade metafórica da arma: "Quando você quer atrapalhar a vida de alguém, num baile, você joga pó-de-mico e, enquanto o cara se coça, você dança com a moça mais bonita."

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Pessuti terá nove meses de governo para usar muito pó-de-mico. Em abril de 2010, Requião terá de renunciar para candidatar-se ao Senado ou, se não conseguir fazer o acordo branco que planeja, a uma segura cadeira de deputado federal. Ao assumir o lugar por nove meses, Pessuti terá à disposição um infindável estoque do pó para jogar em quem atrapalhe o seu baile. Inclusive em Requião, se necessário for.

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Olho vivo

Penhora 1

Não colou o argumento do governador Roberto Requião de que a Justiça não poderia confiscar dinheiro de suas contas bancárias para garantir o pagamento das multas que deve por mau uso da TV Educativa. Alegava que ficaria sem salário para pagar a escola dos filhos – embora os filhos já estejam formados – e entrou com recurso. O juiz federal Marcus Holz, em decisão publicada ontem, derrubou a pretensão de Requião e manteve a penhora do dinheiro – por enquanto R$ 50 mil.

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Penhora 2

Segundo o juiz, a lei protege da penhora "os ganhos do trabalhador, e não o dinheiro depositado em suas contas correntes". E prossegue: "Uma vez recebida a remuneração, ela passa a constituir patrimônio de quem a recebe, servindo, exatamente, para pagar as respectivas dívidas. Se não fosse assim, nenhum bem do trabalhador poderia ser penhorado, uma vez que eles sempre terão origem nos respectivos ganhos."

Bombeiro

O deputado Augustinho Zucchi (PDT) faz o papel de bombeiro antes que o fogo se alastre mais. Segundo ele, não passam de intriga as especulações sobre a divisão do grupo de oposição em razão da possível candidatura do prefeito Beto Richa ao governo. Até há pouco tempo, o grupo estava unido em torno da candidatura de Osmar Dias. "Tem muita gente apostando numa briga para poder sobreviver, mas quem apostar nisso vai quebrar o nariz", diz Zucchi. O tempo dirá.