Sabe aquela reunião marcada para a próxima segunda-feira, em Brasília, na qual seria definitiva e irremediavelmente celebrado o casamento de Osmar Dias com o PT? Pois é: ela foi suspensa e provavelmente só acontecerá na terça. O motivo oficial é que os participantes da reunião, moradores em outros estados, não encontraram vaga nos lotados voos do pós-Páscoa.
Extraoficialmente, porém, fala-se em motivo menos sem trocadilho passageiro. Fala-se na necessidade de mais tempo até para rediscutir o que foi acordado anteontem no encontro do presidente Lula com alguns dos principais atores do jogo político do Paraná. O consenso anunciado teria sido apenas aparente: bastaram 24 horas e uma noite insone no meio para que todos acordassem para a necessidade de repensar as coisas.
Conforme noticiário de ontem, reuniram-se terça-feira diante de Lula o candidato do PDT ao governo estadual, senador Osmar Dias, três ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Carlos Lupi (Trabalho) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) , o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, e o presidente da Itaipu, Jorge Samek.
Desse encontro saíram o que pareciam ideias imutáveis:
- Gleisi Hoffmann não seria candidata a vice de Osmar representando o PT, mas a senadora.
- O vice seria escolhido entre representantes de outros partidos que viessem a compor a aliança.
- Lula e o PT buscariam aproximar o PMDB e o PP da aliança.
- A Osmar Dias caberia a tarefa de atrair o PPS e o DEM, provavelmente oferecendo a vice a um deles.
- A presidenciável Dilma Rousseff se beneficiaria de dois palanques no Paraná o de Osmar e o do peemedebista Orlando Pessuti.
Riscos de um lado e de outro podem mudar planos
Perfeito? Nem tanto! Sucede que a divisão de palanques fragmenta a força com que Osmar Dias pretendia contar. Mais: sem um vice do PT, dizem seus conselheiros, ele corre o risco de ser abandonado no meio do caminho. Diante disso, entre o risco de perder a eleição para governador e ter uma reeleição certa para o Senado, Osmar seria tentado a abraçar a segunda alternativa.
Petistas teriam percebido esse movimento. E teriam visto que as consequências de uma eventual desistência de Osmar para se contentar com a reeleição de senador poderia ser danosa para o projeto de levar Gleisi a ocupar uma das duas vagas em disputa para o Senado. É que, nesse caso, haveria três fortes candidatos Osmar, Requião e a própria Gleisi. E a chance de vê-la em terceiro lugar na votação final não seria pequena.
Diante disso, mais o fato de que Dilma Rousseff também perderia o forte palanque de Osmar, alguns petistas teriam decidido rever as condições iniciais do acordo. O que pode significar a necessidade de recomeçar as conversas do ponto zero isto é, pensar outra vez na possibilidade mais segura de eleger Hoffmann vice-governadora.



