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O Datafolha/RPCTV* divulgado ontem expande a dianteira que o governador Beto Richa (PSDB), candidato à reeleição ao governo do estado, já apresentava sobre seus adversários em relação à rodada anterior, de 15 de agosto. Se a eleição fosse agora, ele venceria já no primeiro turno, com seis pontos porcentuais acima da soma dos índices obtidos por Roberto Requião (28%) e Gleisi Hoffmann (10%).

A qualidade dos programas e inserções da propaganda eleitoral gratuita na tevê certamente são parte das várias razões da ampliação da diferença em favor de Beto. Além de dispor de um tempo que supera a soma dos concedidos aos candidatos do PMDB e do PT, a produção mais esmerada (e muito mais cara!) transmite uma credibilidade que, embora possa não corresponder exatamente aos resultados de sua gestão, leva o eleitor a se convencer de que será preferível manter Beto Richa no Iguaçu.

Já o emagrecimento de Requião, cujos índices caíram cinco pontos, retrata bem um case de fadiga do material. Mesmo discurso e mesmo tom bravateiro podem ser bons motivos para a queda, afora o fato de o partido (via deputados e prefeitos, principalmente), tê-lo abandonado à própria sorte.

Gleisi, por sua vez, ficou estagnada (baixou de 11 pontos em agosto para 10). Seus quatro minutos de televisão têm sido mal aproveitados em produções que chegam ao nível do sofrível, o que pode constituir uma das razões para seu baixo desempenho. Sintomas do generalizado desgaste do PT.

Metodologia*

Pesquisa encomendada ao Datafolha pela RPC TV e pelo jornal Folha de S. Paulo. Levantamento feito nos dias 8 e 9 de setembro, com 1.201 entrevistas em 46 municípios. Margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. Registro no TSE sob número PR-00031/2014 e BR-00584/2014.

Olho vivo

Precatórios 1

Tinha sido uma bem pensada deliberação do governo do estado não repassar ao Tribunal de Justiça novos recursos para pagar precatórios. A Fazenda está devendo o repasse de três parcelas de 2% da receita corrente líquida (cerca R$ 120 milhões), mas havia decidido guardá-las em seu próprio caixa até que o TJ esgote o fundo de R$ 1 bilhão que já acumulou na Central de Precatórios para liquidar dívidas judiciais. Só que esse processo é tão demorado que seria inútil fazer repasses novos enquanto o TJ continuar "embromando" a liquidação da lista de precatórios já definida e disponível.

Precatórios 2

De fato, o TJ confirmou no mês passado que detinha R$ 1 bilhão disponíveis e prometia a liberação imediata de quase R$ 500 milhões, aí incluídos os credores preferenciais (sexagenários e portadores de doenças graves) e, em seguida, outros R$ 200 milhões para credores que firmaram acordos com o governo. Cumprindo a promessa, o TJ encaminhou as autorizações de pagamento para as varas judiciais pelas quais cada processo tramitou.

Precatórios 3

Mas aí surge outro sério problema: estatizadas, sem funcionários suficientes e com juízes atolados em pilhas de ações de outras naturezas, as varas judiciais não dão conta de examinar cada precatório com rapidez. Estima-se que, em média, precisarão de até dois anos para a liquidação dos precatórios que lhes cabem. Até lá, Inês é morta.

Precatórios 4

Enquanto isso, o dinheiro já depositado pelo governo (R$ 1 bilhão) continua aplicado na Caixa Econômica Federal, rendendo juros para... para o Tribunal de Justiça. Não deixa, portanto, de ser um bom negócio segurar os precatórios tanto tempo quanto for possível. Mesmo assim, o Tribunal de Justiça decidiu encaminhar ao governo ofício em que insinua sua disposição de sequestrar das contas bancárias da Fazenda estadual os valores em atraso – as tais parcelas que somam perto de R$ 120 milhões – como supostamente lhe faculta a lei.

Precatórios 5

O governo chegou a pensar em ingressar com uma contestação ao pedido/ameaça do Tribunal de Justiça, mas, em nome da harmonia e das boas relações entre os poderes republicanos, teria desistido da ideia. E teria prometido depositar logo os valores devidos nas rentáveis contas do TJ. Que lá ficarão parados por mais quanto tempo? Ninguém sabe.

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