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A declaração que faltava veio na forma de um telefonema de Osmar Dias para o colunista na noite de sexta-feira: "Já que o PSDB rompeu os compromissos que tinha comigo, a partir desse momento sinto-me liberado para levar adiante os entendimentos com uma outra frente partidária".

Deixando mais claro o que o senador quis dizer: já que o prefeito Beto Richa se lançou candidato, rompendo acordo que vinha desde 2006 de que o apoiaria em 2010, o senador se sentiu à vontade para atender aos apelos do presidente Lula para ser o candidato da frente liderada pelo PT.

Simples assim? Simples assim: "Sou um homem que honra compromissos e estava cumprindo o que tinha com o PSDB e com o prefeito. Não fui eu que rompi; quem precipitou o rompimento foram eles. Como minha candidatura está posta há muito tempo e todos sabiam ser irreversível, sinto-me agora, portanto, muito à vontade para conversar com o presidente Lula e com o PT em termos mais concretos".

Os termos concretos a que se refere Osmar Dias significam que, a partir já desta semana, serão acelerados os entendimentos para a formação de uma grande aliança no Paraná da qual farão parte o PT e o PDT – palanque para a presidenciável Dilma Rousseff com que sonhava Lula e que, agora, mais do que nunca, interessa também ao senador.

Falta sacramentar a presença nessa frente do PMDB, muito embora o governador Roberto Requião já tenha se comprometido com Lula a colocar o partido a serviço de Dilma Rousseff. Mas não de Osmar Dias. O vice Orlando Pessuti continua prestigiado como candidato oficial dos peemedebistas. Osmar diz que, por respeitar Pessuti, nunca procurou abrir conversações com o PMDB – tarefa que ficou a cargo do presidente.

A animação de Osmar tornou-se mais forte quando recebeu de Lula uma promessa: virá ao Paraná quantas vezes for necessário para dar-lhe apoio e que até já teria pensado um slogan para a campanha: "Este é o cara!", ele diria nos palanques, repetindo o tratamento que recebeu de Barak Obama tempos atrás.

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A precipitação dos fatos e seus efeitos

Bem, agora vamos aos desdobramentos consequentes dos passos dados por Beto Richa e Osmar Dias:

- O quadro de candidatos está formado: Beto Richa pelo PSDB; Osmar Dias, pelo PDT/PT; e Or­­lando Pessuti, PMDB.

- Alvaro Dias, embora tucano, passa a apoiar o irmão Osmar.

- José Serra passa a depender apenas do desempenho de Beto Richa e terá de confrontar-se no Paraná com uma Dilma Rousseff vitaminada pelo palanque de Osmar Dias.

- Se, ao contrário, o candidato apoiado pelo PSDB fosse Osmar, Serra poderia somar também o apoio de Beto, que permaneceria na prefeitura. Dilma seria uma candidata frágil.

- Richa largará a prefeitura de Curitiba ao completar apenas 15 dos 48 meses que teria de mandato, contrariando um compromisso que disse ser desnecessário registrar em cartório: "Eu não preciso assinar um termo. Vou cumprir", declarou pouco antes da reeleição.

- Assumirá seu lugar o vice Luciano Ducci, do PSB, partido aliado de Lula.

- Como os entendimentos de quarta-feira à noite em Brasília entre Richa e o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, referiam-se apenas à prorrogação do mandato do diretório estadual, setores do tucanato ainda negociavam o principal – a definição de candidatura ao governo. A pedido de Serra, Osmar continua­­va nas cogitações. A decisão do senador de aceitar o abrigo oferecido por Lula paralisa tais entendimentos.

- Perdeu sentido também a proposta que Alvaro Dias fez na conversa com Sérgio Guerra. Ele pretendia que a definição do candidato se fizesse por meio de pesquisa de opinião pública, à qual, além do próprio nome, seriam submetidos também o de Beto Richa e Osmar. Como Os­­mar confirma a candidatura e como Alvaro não se confrontará com o irmão, torna-se desnecessária a pesquisa.

- A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro Paulo Bernardo, dois dos principais articuladores da aproximação com Osmar Dias, fortalecem-se dentro do partido. Correntes minoritárias ainda lutavam por candidato próprio.

- Podendo usufruir de palanque e de uma frente partidária mais ampla, sai fortalecida também a candidatura de Gleisi Hoffmann ao Senado, que já figurava como a segunda opção para 37% dos eleitores (pesquisa do Ipesp, encomendada pelo PSDB).

- O deputado federal Gustavo Fruet, tucano de 200 mil votos, era o preferido de Osmar Dias para ser seu vice caso prevalecesse a aliança com o PSDB. Não será mais. Seu provável destino será o de candidato a uma das duas vagas ao Senado, enfrentando Requião e Gleisi.

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