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Olho vivo

Ir de Roma 1

O deputado Luiz Cláudio Romanelli se apresenta como candidato a presidente da Assembleia. Discretamente, por enquanto. Mas já teria conseguido vencer uma etapa importante ao reunir os oito deputados que o PMDB elegeu e promover a união de todos em torno do projeto. A bancada é heterogênea: há ali "richistas", como o próprio Romanelli, como os de oposição, dentre eles Anibelli Netto e o primeiro rebento, Requião Filho. Todos se comprometeram a caminhar juntos na escolha de um candidato. E que pode ser Romanelli, se outros partidos também manifestarem a mesma vontade.

Ir de Roma 2

Não será parada fácil. Há outros candidatos no páreo. Um deles é o atual líder do governo, Ademar Traiano. Contra ele há resistências de antigos deputados – que reclamam ter sido tratados por Traiano como uma manada – e de alguns novos, que o conhecem apenas pela fama de ser desprovido de dotes que a neurociência chama de inteligência emocional.

Ir de Roma 3

Outro concorrente seria o deputado Ratinho Jr. (300 mil votos), comandante da bancada de 12 deputados do PSC e aliados. Diz-se, porém, que Ratinho estaria mais encantado com a promessa de Richa de fazê-lo novamente secretário de Desenvolvimento Urbano, pasta que lhe daria vitamina para se candidatar ao governo em 2018. Estariam nesses dois fatores – a resistência a Traiano e a mosca azul de Ratinho – os trunfos com que Roma, como é chamado, estaria contando. Além de ser um dos poucos que, sem ofensa aos seus pacatos colegas, enxerga o Paraná bem maior do que as respectivas paróquias. E por falar em paróquia, até um slogan ele já criou: "Quem tem boca vai de Roma".

Vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, o ex-senador Osmar Dias guarda na memória a imagem de uma lata da tradicional manteiga Aviação com aquela característica cor laranja. Certo dia, em 2010, ele temeu ter sua cabeça atingida por uma. Foi quando, preparando-se para disputar a eleição de governador, insistia para que a vice de sua chapa fosse Gleisi Hoffmann. Com isso, pretendia dar clareza à aliança do seu partido, o PDT, com o PT. Como a estratégia não prosperou (ah!... aquela lata de Aviação!!!), acabou por incorporar o PMDB à chapa, com o deputado Rodrigo Rocha Loures como vice.

Selou-se, ali, por causa da ameaçadora lata de manteiga, a aliança mais esdrúxula que Osmar Dias esperava fazer: teve de se render ao adversário Roberto Requião, candidato a senador, e sair abraçado com ele Paraná afora com dificuldades para explicar a parceria que até então parecia impossível. Gleisi disputou a outra vaga para o Senado e foi eleita em primeiro lugar, com belíssima votação.

A estratégia petista de levá-la ao Senado não poderia ter sido melhor sucedida. Nem bem assumira a cadeira senatorial, logo foi chamada a ocupar a Casa Civil da também recém-eleita presidente Dilma Rousseff. Osmar perdeu a eleição para Beto Richa, mas se considerou compensado com o alto cargo no Banco do Brasil por ter contribuído para a votação que Dilma e outros aliados do PT conseguiram no estado.

Passados quatro anos, em 2014 o cenário deveria ser invertido. A senadora Gleisi, candidata ao governo, queria Osmar como seu vice – ou, melhor ainda, como candidato a senador em sua chapa. Seria uma boa maneira de a candidata do PT vencer resistências no interior, predominantemente ligado ao agronegócio e simpático a Osmar.

Foi a vez de Osmar se fingir de morto. Não aceitou nenhuma das posições e nem sequer participou da campanha de Gleisi e Dilma. Alegava que os estatutos do Banco do Brasil impediam-no de subir em palanques. A candidata sentiu o golpe e, em entrevista à Gazeta após a derrota, não escondeu sua "decepção" com o aliado. Teria sido um "troco" de Osmar Dias o seu alheamento? Ele prefere não responder à declaração da senadora Gleisi Hoffmann – pelo menos por enquanto. Mas, na última sexta-feira, licenciado do BB, ele estava montado no "dilmamóvel" que percorreu algumas quadras entre as praças Santos Andrade e Generoso Marques, em Curitiba.

Osmar subiu também ao palanque do comício comandado por Requião. Requião anunciou que Osmar iria discursar. E até insistiu. Mas, para espanto geral, com gestos e palavras, Osmar se recusou a pegar o microfone. Gleisi, com outro compromisso, não estava lá.

Figurativamente, a lata de manteiga pode estar na origem de todo o mal-estar. No que vai resultar no futuro, impossível prever enquanto não se abrirem as urnas do próximo domingo.

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