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Olho vivo

Plano B 1

Não se sabe porque os institutos de pesquisa insistem em colocar o nome do presidente do IAP, o ex-prefeito de Guarapuava Vitor Hugo Burko, entre os candidatos a governador. Faz lá alguns pontinhos, insuficientes para provocar coceira. Ma, quem sabe, se depender de uma polêmica sugestão do deputado Reni Pereira, passe a ser justificável sua presença nas listas.

Plano B 2

Burko está filiado ao PV, mas Reni – um dos deputados de melhor atuação na Assembleia – quer levá-lo para o PSB para figurar como alternativa de candidato ao governo pelo seu partido. Alternativa a quem? Alternativa a Beto Richa, que hoje é apoiado pelo PSB.

Plano B 3

O deputado enxerga longe: o PSDB poderá acabar optando por Alvaro Dias e, se Ciro Gomes se lançar mesmo à Presidência, o PSB precisará ter um plano B – isto é, um candidato próprio no Paraná. Por que não B de Burko? – indaga o deputado que, sem ouvir o partido, levou a ele o convite para converter-se ao socialismo.

Plano B 4

Foi o que bastou para que o vice-prefeito Luciano Ducci e o presidente estadual do PSB, Severino Araújo, fossem acometidos de urticária. "Nosso candidato é o prefeito Beto Richa", disseram eles, condenando com irritação a iniciativa do correligionário, sem antes perguntar a Ciro o que ele acha de ter o PSB e o provável prefeito em exercício de Curitiba, Luciano Ducci, apoiando José Serra.

Além de cavalgadas matinais, um dos passatempos preferidos do governador Roberto Requião é atazanar a vida de Orlando Pessuti, candidato do PMDB à sua sucessão em 2010. São comuns os constrangimentos públicos assim como as maledicências quando se refere ao vice em conversas com terceiros em seu gabinete ou nas rodinhas.

Nos últimos dias, o motivo (ou o pretexto) da irritação de Requião contra Pessuti foi o fato de o vice ter gazeteado a "escolinha" no feriado da última terça-feira, preferindo ir à missa em honra à padroeira de Curitiba, celebrada no mesmo horário na catedral. Desde então, o divertimento do governador tem sido o de colocar em dúvida a condição real de candidato de Pessuti – e tem dito isso até mesmo para alguns deputados que frequentam a cozinha do Canguiri.

Por exemplo: manda seu líder na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, ir tomar café da manhã na casa de Osmar Dias. Publicamente e ao presidente Lula, diz que nunca apoiará o senador, mas nos bastidores sonda o terreno para uma eventual aproximação com o adversário. O gesto foi interpretado como um evidente sinal da desimportância que atribui à candidatura de Pessuti.

Na quinta-feira que passou, talvez ainda sob os efeitos da feijoada "paranaense" patrocinada pelo irmão Eduardo, chefe do escritório de representação em Brasília – e que prazerosamente dividiu com um convidado especial, o senador Alvaro Dias, também candidato – Requião teve outra ideia, tão maldosa quanto a de tirar o pirulito da boca de uma criança: ele se disse disposto a desistir da disputa pelo Senado e cumprir seu mandato de governador até o fim!

Um dos trunfos de Orlando Pessuti para colocar-se como candidato minimamente viável ao governo é, justamente, a oportunidade de fazer sua campanha empunhando a caneta cheia de governador a partir de 2 de abril do ano que vem, data em que Requião teria de renunciar para candidatar-se ao Senado.

Sem caneta para agradar prefeitos, deputados e assemelhados, Pessuti sabe que terá dificuldades para segurar a turma peemedebista que preferirá apoiar qualquer outro candidato que apareça como favorito. Coisa, aliás, que já fazem hoje.

Com centenas de processos nas costas, Requião precisa da imunidade parlamentar que o mandato de senador lhe confere. Mas não custa, agora, fazer um pouco de terrorismo para cima de Pessuti. Interessante, porém, é a justificativa que o governador imagina para não dar vez ao vice.

Segundo ele, na entrevista ao repórter André Gonçalves, publicada nesta Gazeta na sexta-feira, só será candidato se isso não atrapalhar a sua administração. "Se de repente eu achar que faltaram algumas coisas muito boas que têm de ser completadas, eu fico até o fim e não sou candidato a nada."

Há duas formas de ver a assertiva. A primeira é que ele parece duvidar que Pessuti tenha condições de dar continuidade às suas obras e nem quer transferir-lhe os louros de eventuais sucessos. A segunda soa como uma ameaça muito preocupante, de viés hugo-chavista: para completar as "coisas boas" a que se refere, como não deu tempo para fazer em sete, talvez precise esticar o mandato em mais uns dez ou 20 anos...

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