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Olho vivo

Sem surpresa

Não deu outra: o presidente do TJ, desembargador Miguel Kfouri, conseguiu o apoio que esperava para convalidar a decisão unilateral que tomou de dar carro para todos os 120 membros do Tribunal. Na sexta-feira, 21 dos 25 integrantes do Órgão Especial aprovaram a medida sem sequer discutir seus aspectos morais. Apenas três votaram contra: os desembargadores Paulo Béllio, Marcelo Gobbo Dala Dea e Noeval de Quadros, este último corregedor-geral do TJ. Eles também se negam a usar o carro exclusivo, aumentando para sete o número dos que encaram o privilégio como uma afronta à sociedade.

Otimismo 1

O presidente da Urbs, Marcos Isfer, nega que o transporte coletivo de Curitiba precisará contar com subsídio da prefeitura ou do governo para subsistir. Segundo ele, o prejuízo de 20 centavos que cada passageiro dá ao sistema (paga R$ 2,60 por um serviço que custa R$ 2,80) será compensado com o aumento de 50 mil passageiros/dia que o sistema conquistará.

Otimismo 2

O raciocínio otimista dele é que, tendo a passagem ficado em patamar barato, mais pessoas preferirão usar ônibus. E quanto maior for o movimento, maior o faturamento do sistema, a ponto de proporcionar receita que cubra o custo real, isentando os cofres públicos de ter de arcar com o prejuízo. Tem gente que duvida da previsão de Isfer: se o aumento de passageiros for proveniente das linhas metropolitanas integradas, o prejuízo vai aumentar ao invés de diminuir.

Uma observação do ministro Paulo Bernar­­do: a entrada de José Serra na disputa pela prefeitura de São Paulo sinaliza que 1) as eleições municipais deste ano tendem a se "nacionalizar" definitivamente; 2) ficou mais claro que as eleições de 2014 serão disputadas praticamente pelos mesmos grupos liderados, de um lado, pelo PT, e, de outro, pelo PSDB; 3) terá mais chance de vitória nas eleições gerais de 2014 (incluindo a Presidência) o grupo que conseguir reunir em 2012 maior número de aliados e vencer na maioria dos municípios.

O raciocínio de Paulo Bernardo o leva a concluir que se o PT não construir desde já, em 2012, as alianças mais amplas e fortes, corre o risco de se isolar e, consequentemente, perder força para as futuras e principais disputas. Cita um exemplo: se o PT decidir lançar candidato próprio em Curitiba este ano, pode fazer o mesmo papel que o reitor Moreira fez como candidato do PMDB à prefeitura em 2008. Sem aliados, apesar de pertencer a uma legenda forte e contar com o apoio do então governador, não passou de 1% dos votos dos curitibanos.

O ministro diz, contudo, que o PT curitibano tem nomes fortes, que representam correntes importantes no partido e que precisam ser respeitados. Referiu-se aos dois deputados que se lançaram candidatos, o federal Dr. Rosinha e o estadual Tadeu Veneri. Ele acredita, porém, que durante o processo de decisão, que começa em abril com a eleição dos delegados convencionais, a maioria petista já terá entendido que a melhor solução política para o partido será mesmo a de se aliar ao PDT e apoiar seu candidato, o ex-deputado Gustavo Fruet. "Disci­­plinados e democratas, Rosinha e Veneri entrarão em seguida na mesma linha", acredita Bernar­­do.

O ministro observa que, além do PDT, são poucas as alternativas de aliança do PT com outras agremiações em Curitiba. Quase todos os demais partidos que compõem a base federal, no Paraná se comportam de maneira diversa. Cita os casos do PMDB, que já está comprometido com Rafael Greca; o PSC, que tem Ratinho Jr. como seu candidato; e até o PSB, partido do prefeito Luciano Ducci, aliado e protegido do governador tucano Beto Richa.

Paulo Bernardo vai além: sem chance de vencer com candidato próprio o pleito deste ano em Curitiba, o PT poderá ser responsável pela manutenção no poder do mesmo grupo que domina a cidade há quatro décadas e que, nos últimos anos, não soube manter Curitiba como uma capital inovadora e moderna. "Por causa disso, Curitiba hoje é vítima de uma administração rotineira, mais preocupada em tomar medidas populistas pensando apenas no imediatismo político-eleitoral. Curitiba perdeu o rumo", afirma, citando como exemplo o recente aumento do transporte coletivo abaixo do valor necessário e precisando ser subsidiado. "Com isso, a tendência é que a qualidade do transporte, que já diminuiu, fique ainda pior", acentua.

Na opinião do ministro, a reversão desse processo só será possível se o PT ajudar na eleição de Gustavo Fruet, a seu ver a única alternativa viável para devolver Curitiba ao rumo certo e, ao mesmo tempo, uma força política importante no horizonte das eleições de 2014, quando as duas maiores forças políticas do país de novo se confrontarão na disputa pela sucessão de Dilma Rousseff no plano federal e de Beto Richa no estadual.

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