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Celso Nascimento

Pesos e medidas

Até o último dia 21, 60% dos municípios paranaenses não tinham condições de obter certidão de regularidade no Tribunal de Contas do Estado – necessária para que possam acessar recursos repassados por instituições federais e estaduais. Isto é, das 399 prefeituras do estado, cerca de 240 encontram-se em situação irregular; apenas 139 é que teriam condição de obter a certidão liberatória do TC.

A confissão foi feita pelo próprio Tribunal em nota que enviou à coluna para contestar comentário publicado na última terça-feira. Falava-se, naquele texto, no exercício de uma suposta prática de "dois pesos e duas medidas", já que, enquanto à maioria dos municípios é negada a certidão, bastou ao governador Beto Richa requerer que, numa só "penada", 111 órgãos estaduais tivessem sido desobrigados, até 30 de novembro, de cumprir a exigência do TC.

Os prefeitos alegam que não têm em sua estrutura pessoal com as especialidades requeridas para dar conta da complexidade das informações necessárias para alimentar o sistema do Tribunal. O TC nega a pretensa complexidade e informa, na nota, que já prorrogou por sete vezes os prazos que os municípios devem cumprir. Segundo o TC, os relatórios devem ser alimentados completamente 30 dias após o fim do mês anterior.

O Tribunal de Contas diz, também, que não é de sua responsabilidade o impedimento para que transferências voluntárias não sejam feitas às prefeituras. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), explica a nota, cabe às próprias fontes provedoras dos recursos avaliar se devem ou não dispensar a certidão de regularidade para fazer os repasses.

Entretanto, há o caso da prefeitura de Curitiba que, sem certidão desde o último dia 6 de outubro, não consegue que o governo do estado lhe repasse os R$ 9 milhões com que se comprometeu para compra de medicamentos, custeio do Samu e para construção de cinco unidades de saúde. O governo alega justamente o fato de a prefeitura da capital não apresentar a certidão liberatória. Situação semelhante vivem, pelas contas do TC, 240 outras prefeituras – ou, pelas contas da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), pelo menos 300.

Por ironia, até meados deste ano era o governo estadual que brigava com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) por lhe proibir acesso a empréstimos porque o estado também não estaria cumprindo preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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A propósito: está para ser votado numa das próximas plenárias do Tribunal de Contas o processo número 934647/14. Trata-se de um "alerta" ao governo de que no período de setembro de 2013 a agosto de 2014 o estado "ultrapassou o patamar da despesa total com pessoal equivalente a 95% do limite máximo permitido". O TC deu prazo de 15 dias (que já começou a ser contado) para que o governador Beto Richa se explique.

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