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Olho vivo

Sequestro

Requião não gosta que lhe perguntem sobre a aposentadoria de R$ 24,1 mil que recebe como ex-governador. Tanto não gosta que ontem sequestrou o gravador de um jornalista da Rádio Bandeirantes, em Brasília, que ousou tocar nesse incômodo assunto. Não só lhe tomou o gravador, como apagou a entrevista. O radialista teve melhor sorte que outro, no Paraná, que teve o dedo esmagado por Requião, então governador, por fazer-lhe pergunta que também considerou inconveniente. Fora os muitos que ouviram impropérios impublicáveis.

Treino Traiano

O deputado Ademar Traiano, líder do governo na Assembleia, ainda não conseguiu alcançar nível de eficiên­­­cia compatível com a missão de defender os atos da administração. Ontem, voltou ao assunto das cozinhas milionárias do Palácio Iguaçu com argumentos que o autor de um requerimento de informações, deputado Tadeu Veneri, considerou falsos. Traiano justificou a aquisição das cozinhas porque, segundo ele, o processo de licitação já havia se iniciado no governo anterior. Outras licitações, no entanto, foram canceladas. Esta, não.

Conluio

O deputado Fabio Camargo fez o que prometeu: apresentou ontem relatório parcial da CPI das Falências – suspensa pela Justiça – e voltou a afirmar a existência de "um esquema criminoso" envolvendo juízes do TJ na condução de processos falimentares em concluio com síndicos de massas falidas. Disse que enviará as denúncias ao CNJ.

Faltam apenas quatro assinaturas para que a Câmara Municipal de Curitiba instaure a CPI dos Radares – proposta que visa a investigar se de fato há irreguralidades nos serviços da Con­­silux, a empresa que aluga os equipamentos de fiscalização eletrônica do trânsito de Curi­­tiba. E se, por conta disso, foi correta a decisão do prefeito Luciano Ducci de romper o contrato com a empresa, anunciada há quase dois meses.

Para ser instalada, a CPI precisa ser requerida por pelo menos 13 dos 38 vereadores, mas até agora só contava com seis assinaturas. Ontem, porém, três da bancada governista aderiram ao requerimento: Caíque Ferrante, Denilson Pires e Jair César. Antes deles, já haviam assinado os vereadores oposicionistas Algaci Túlio, Noêmia Rocha, Pedro Paulo, Jonny Stica, Professora Josete e Paulo Salamuni. É possível que novas adesões ocorram já a partir de hoje, segundo conta o otimista vereador Algaci Túlio, autor da proposição.

Mas, o que aconteceu com o sistema desde que, numa noite de domingo, 13 de março, o Fantástico, da Rede Globo, denunciou a participação da Consilux em fraudes em licitações e em cancelamentos de multas? Aconteceu que, dois dias depois, o prefeito mandou suspender o contrato. Acon­­teceu, também, que a Urbs, a empresa municipal gestora do trânsito, comunicou oficialmente a Consilux que já estava tomando as providências determinadas pelo prefeito. Acon­­teceu ainda que a Procu­­­radoria-Geral do Município chegou a concordar que indenizações seriam devidas. E, por fim, aconteceu a promessa da Urbs de tomar para si todas responsabilidades – inclusive as operacionais – para manter o serviço de radares...

Aconteceu mesmo tudo isso? Que nada! Continua tudo como sempre esteve, com uma única mudança: desde então, é um carro com emblema da Urbs que transporta trabalhadores da Consilux para consertar equipamentos que eventualmente apresentam defeitos ou precisam de regulagem. De resto, o contrato continua tão igual quanto antes – o que significa que a Consilux continua recebendo mensalmente o que a prefeitura lhe deve.

Talvez tenha havido outra mudança: a prefeitura deixou de achar que a Consilux é uma empresa inidônea, com a qual não deveria manter negócios. A inferência é lógica: se a empresa fosse de fato inidônea, o contrato já deveria ter sido rompido e a empresa notificada a pagar pelo prejuízo. Se, no entanto, passado tanto tempo, a prefeitura ainda mantém o contrato, então a empresa é idônea? Nesse caso, sendo idônea mas, mesmo assim, não se tendo desistido do rompimento, é então necessário saber que providências foram tomadas nesses quase dois meses para indenizar a Consilux.

Enfim, são curiosidades que interessam à opinião pública em geral e aos contribuintes em particular. Afinal, em caso de rompimento do contrato, calcula-se que o município seja obrigado a pagar algo em torno de R$ 70 milhões à Consilux. Ou, no mínimo, que a prefeitura assuma com recursos e equipamentos próprios aquilo que a Consilux fazia. Ou, ainda, que faça nova licitação para contratar outra empresa. Ou, por fim, que esqueça tudo e deixe tudo como já está. Qual é a alternativa correta?

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