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A cada dia o distinto público paranaense é brindado com uma surpresa. A de ontem foi revelada pelo governador Roberto Requião na "escolinha": ele pretende depenar a Sanepar de capital e patrimônio e, com tais recursos, constituir uma nova empresa estatal de saneamento. O objetivo é um só: se livrar do sócio privado, o grupo Dominó, que detém 39% do capital da companhia.

A lógica de Requião pode ser compreendida seguindo-se os seguintes passos:

• o estado, maior acionista da Sanepar, tem dinheiro a receber da companhia e queria usá-lo para aumentar seu capital, diluindo a participação do sócio privado;

• o Dominó foi à Justiça e obteve a garantia de que o contrato que definiu os índices de participação dos sócios não pode ser alterado unilateralmente.

• em razão dessa decisão judicial – para a qual o governo já jogou a toalha –, foi suspensa a assembléia-geral (convocada por duas vezes) que refendaria o aumento do capital da Sanepar com aporte de recursos apenas do estado.

• diante disso, já que não dá para, desse modo, reduzir a participação relativa do Dominó na Sanepar, o jeito é – segundo pensa Requião – o governo abandonar a companhia: retira o dinheiro que tem empregado lá e, se não for suficiente, vale-se de parte do seu patrimônio para completar o quinhão a que se acha com direito.

• com os recursos que conseguir amealhar desta maneira, constitui uma nova empresa de capital exclusivamente estatal para fazer a mesma coisa que a Sanepar faz hoje. E o sócio privado ficaria com a parte "podre" do que restar.

Embora pareça um caso enquadrável no 171, a idéia não deixa de ser luminosa. Mas também não chega a ser exatamente original, pois se assemelha às múltiplas tentativas feitas com relação ao pedágio, por exemplo.

Primeiro, o governo tentou romper os contratos com as concessionárias e acabar com o pedágio. A Justiça não deixou. Depois, pensou em obrigá-las a baixar a tarifa. Também não foi possível. Imaginou que podia desapropriá-las e em seguida, tentou colocar o DER a cobrar pedágio para provar que podia fazer mais barato. Ambas as coisas deram pra trás. Prometeu as estradas paralelas nas quais nada se pagaria. Por fim, colocou a Copel para disputar trechos federais...

Com a Sanepar a história está ficando tão longa quanto.

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Antonina pede socorro

Com quase um ano de atraso, por fim o drama que a população de Antonina sofre com a desativação de seu porto chega à Assembléia – muito embora haja lá deputados bem votados na cidade, incluindo o presidente da Casa, deputado Nelson Justus, o recordista, com 16,5% dos votos antoninenses em 2006.

Ontem, uma carta dirigida ao governador, assinada por representantes da comunidade local, foi lida pelo petista Tadeu Veneri (0,9% dos votos). A carta relata que desde que o irmão do governador – Eduardo, então superintendente da Appa – baixou uma resolução restritiva, a movimentação de cargas no porto se reduziu em 80%.

Resultado: o desemprego de centenas de trabalhadores e a agonia de toda a economia de Antonina, que depende do porto. Roga-se que o governador corrija esse erro (um dos muitos!) do irmão.

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Olho vivo

Pipoqueiro 1

Deu-se ontem na Assembléia um episódio daqueles que o vulgo costuma definir como a "vingança do pipoqueiro". Com as cicatrizes ainda não fechadas desde que o professor Belmiro Valverde, num dos artigos que assina aos domingos nesta Gazeta, criticou-o pela lambança de furar praça de pedágio, o deputado líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli, não suporta sequer ouvir o nome do articulista – embora confesse que não deixa de ler o que ele escreve.

Pipoqueiro 2

Leu, inclusive, o do último domingo, em que Belmiro – com a experiência de 40 anos de magistério em economia, mestre e doutor em Administração Pública nos Estados Unidos e por duas vezes secretário do Planejamento – desmonta o arremedo de reforma tributária que o governo estadual propôs. Pois bem: quando o deputado oposicionista Élio Rusch requereu, ontem, a transcrição do artigo nos anais, Romanelli viu que chegara a hora da vingança. E orientou sua bancada a votar contra o requerimento. Conseguiu – mas deixou a sensação de que o espírito público com que atuou neste episódio é o mesmo que o move a pular catracas.

Ranking

A Copel terá de explicar porque saiu do ranking da Bovespa das empresas preocupadas com a sustentabilidade ambiental. Requerimento do deputado Douglas Fabrício (PPS) nesse sentido foi aprovado ontem. A presença no ranking valoriza as ações das empresas. E o inverso não deixa de ser verdadeiro.

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