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"A pesquisa era fria. E pesquisa fria não deve ser divulgada!"

Foi assim que o candidato Roberto Requião, em entrevista à Rádio Alternativa, de Siqueira Campos, domingo, justificou a tentativa do PMDB de impedir a publicação do Ibope encomendado pela RPC – Gazeta do Povo sobre as tendências eleitorais no Paraná, divulgada na edição de ontem. Estranhamente, porém, a mesma pesquisa classificada como "fria" passou a ser utilizada ontem como peça de propaganda de Requião no site do candidato.

Fica difícil de entender: se não houve pedido público de desculpas pela atitude autoritária de cercear a liberdade de imprensa e desinformar a população; e se também não se retratou da opinião assertiva de que a pesquisa era falsa – por que de uma hora para outra usá-la como propaganda?

Em quem o público deve acreditar? Na pesquisa, na imprensa independente, nas convicções do governador ou na sua propaganda?

Desequilibrado

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, não poderá mesmo contar com Requião no Paraná, ainda que, ao final do imbróglio judicial, seja confirmada a coligação PMDB–PSDB no estado. É que o governador acaba de reafirmar à Rádio Alternativa de Siqueira Campos sua decisão de "não participar pessoalmente da eleição presidencial. O PMDB está livre para apoiar o Alckmin ou o candidato que queira, o caminho que melhor entender". Para ser mais claro: mesmo que o tucano Hermas Brandão seja confirmado como seu candidato a vice, Requião prefere Alckmin longe do seu palanque para não precisar dar-lhe aval. Há um evidente desequilíbrio nessa situação: de um lado, o PSDB oficialmente apóia Requião, mas, de outro, Requião e o PMDB ficam livres da reciprocidade.

Meio caminho

O voto do relator do processo de impugnação da aliança PMDB–PSDB, ontem, foi festejado pelos tucanos coerentes como meio caminho andado para a vitória de sua causa.

De fato, o juiz João Pedro Gebran Neto acatou, em seu relatório, o argumento de que coligações constituem assunto interno dos partidos, aos quais cabe decidir sobre conveniências sob critérios exclusivamente políticos. A Justiça, pois, não deve interferir de modo a contrariar uma decisão partidária que esteja nos conformes da lei.

Pois bem, já que se trata de assunto interno do PSDB, a direção nacional do partido, sem ferir a lei, já decidiu: é contra a união.

Requião e o seu aliado tucano Hermas Brandão, assim como toda a estrutura de campanha, a definição do tempo na televisão e tudo o mais que envolva a propaganda eleitoral terão, no entanto, de esperar mais tempo pela palavra final do TRE. É que todos os demais (seis) juízes que compõem o colegiado não puderam votar ontem em razão do pedido de vistas de um deles. A votação recomeça hoje à tarde.

O suspense permanece.

Olho vivo

Ai, meu Bom Jesus 1 – Já que a montanha não vem a Maomé, Maomé vai à montanha. Já que os candidatos não conseguem atrair as massas, eles vão até as massas. Não por outra razão, os três principais – Requião, Osmar e Rubens Bueno – quase se cruzaram na festa do Bom Jesus da Cana Verde, domingo, em Siqueira Campos (Norte Pioneiro). É uma das maiores concentrações religiosas do país: a cidade, de 20 mil habitantes, triplica a população no dia do padroeiro.

Ai, meu Bom Jesus 2 – Festas religiosas, aliás, costumam tocar a fé dos candidatos tanto quanto a dos devotos. Rubens Bueno, por exemplo, tem aproveitado tais ocasiões para prometer investimentos no crescente filão do turismo religioso. Fez isso há dias na festa do Rocio, em Paranaguá, e, domingo, em Siqueira Campos.

Oportuna mudez – A mudez do senador Alvaro Dias, que evitou criticar a aliança de seu partido, o PSDB, com o PMDB, no Paraná, tinha toda a razão de ser. Fazia parte do "arcordão" engendrado entre o 3.º andar do Palácio Iguaçu e o gabinete de Hermas Brandão na Assembléia, que a vaga de candidato ao Senado caberia a Dias e a mais ninguém. Diante da fragilidade dos candidatos de outros partidos, ele poderia nadar de braçada. Não deu outra: o Ibope dá-lhe 54% da preferência, contra míseros 2% de Gleisi Hoffmann, do PT.

Palavras, palavras...

O programa de governo do candidato petista Flávio Arns prega: "Desenvolvimento sustentável e solidário, desenvolvimento social e gestão democrática e participação popular, com maior união entre os poderes constituídos e a sociedade civil organizada."

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