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Celso Nascimento

Richa e Serra conversam sobre aritmética

O prefeito Beto Richa rumou ontem à tarde para São Paulo, onde mora o governador José Serra. O pretexto anunciado para a repentina viagem, que não constava da agenda, foi o de que precisava conceder entrevista a uma emissora de televisão paulistana cujo Ibope ronda a casa dos 5%. Melhor mesmo é conversar com quem conta com quase 40% nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República – no caso o próprio Serra, que já estava ali pertinho.

Foi o que o prefeito teria feito ontem à noite. Há controvérsias quanto a quem coube a iniciativa do encontro – se foi do próprio Richa ou se foi decorrente de um convite do governador-candidato. De qualquer forma, o assunto seria um só: o exame dos fatos políticos que se precipitaram no Paraná desde a semana passada a partir da confirmação de que o prefeito entrou na briga pela candidatura ao governo pelo PSDB.

Ao anúncio de Richa seguiu-se o do senador Osmar Dias (PDT) de que, já que o prefeito implodira a antiga aliança e retirara o apoio que lhe havia prometido, aceitava o convite de Lula para ser o candidato a governador em nome da frente nacional liderada pelo PT, que batalhará pela presidenciável Dilma Rousseff.

Serra tem um problema grave. Sabe que terá votação medíocre nas regiões Norte e Nordeste do país, os mais poderosos redutos de Lula e onde Dilma já está à sua frente nas pesquisas. Logo, precisa de votação maciça no Sul e Sudeste para compensar a diferença.

Este é o "x" da questão que provavelmente foi debatida ontem entre Serra e Richa. O novo quadro formado no Paraná ajuda ou prejudica esse projeto? O confronto entre Beto Richa e Osmar Dias soma votos para Serra ou divide o eleitorado entre ele e Dilma? Com Osmar do lado de lá, Richa fora da prefeitura e um vice do PSB no comando de Curitiba, a diferença entre Serra e Dilma será maior ou menor? Desconhecem-se as conclusões a que teriam chegado o governador e o prefeito.

O fato é que os últimos acontecimentos não foram ainda totalmente digeridos por quem participa direta ou indiretamente deles ou pode influenciar os rumos. O senador Alvaro Dias, por exemplo, ainda não conversou com o irmão Osmar sobre sua decisão de abraçar o PT. Marcaram encontro reservado para hoje, em Brasília.

Alvaro continua defendendo a ideia, acatada pelo presidente nacional do PSDB, senador Sér­­gio Guerra, de que o candidato a governador do Paraná seja escolhido com base em pesquisa, na qual seria avaliado também o nome de Osmar. Considera-se, no entanto, favorecido pelo novo quadro que se formou: pelo critério das pesquisas, nas últimas ele se apresenta melhor do que Beto Richa, com tendência a ampliar a vantagem com um concorrente a menos.

Enquanto isso, o PT continua à cata do PMDB paranaense para integrar a frente de apoio a Dilma e, indiretamente, ao candidato que Lula escolheu para representá-lo. Requião já se comprometeu com Dilma, mas prefere Orlando Pessuti a Osmar Dias. Entretanto, espalha que tem um segredo (que contou apenas a Lula) que só revelará em março do ano que vem. O que seria nem mesmo seus mais próximos conseguem imaginar.

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