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O governador Beto Richa reduziu a uma "dor de cotovelo" a reação do Partido dos Traba­­lhadores contra o suposto boicote à transmissão do discurso da presidente Dilma Rousseff pela Televisão Educativa durante a cobertura do repasse de R$ 1 bilhão do governo federal para a construção do metrô de Curitiba, quinta passada. Segundo Beto, o PT está incomodado com a linha direta e com as boas relações que o governo estadual vem mantendo com o federal.

Por via das dúvidas, porém, o governador informou ter determinado ao seu chefe de gabinete que investigue as razões pelas quais a emissora estatal colocou um desenho animado no ar exatamente no momento em que a presidente usava a palavra.

Cinco dias depois do episódio, a repercussão permaneceu em alta ontem. Na Assembleia Legislativa, os líderes do governo, deputado Altemar Traiano, e da oposição, Enio Verri, se alternaram na tribuna pedindo grandeza um do outro. Traiano, para que o PT não jogue sobre Beto Richa a responsabilidade pelo ocorrido, mais provavelmente apenas um problema técnico; Verri, para que, culpado ou não, o governador peça desculpas públicas à presidente Dilma Rousseff.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra – mas sem dúvida, cada um a seu modo, pincela o quadro de acordo com o cenário pré-eleitoral em curso. O próprio governador do estado, ao se referir à "dor de cotovelo" do PT, deu sua contribuição para adicionar cores políticas a um fato que – tivesse sido explicado a tempo e de maneira convincente – não mereceria o barulho que ainda se faz em torno dele. Deve-se a Richa a demarcação dos campos políticos – de um lado, ele próprio, seu PSDB e seus aliados; de outro, o PT.

De qualquer forma, emergiram do episódio estratégias espertas ao se atribuir pretensa censura à presidente. O primeiro sinal de inteligência foi colocar o governo do PSDB na defensiva, tendo de se explicar sem se humilhar, obrigando-se repetidamente a tecer elogios a Dilma e à sua boa vontade para com o Paraná.

Outro sinal foi o de lançar a segundo plano a repercussão do que houve de mais positivo na última vinda de Rousseff a Curitiba – isto é, a demonstração da existência de mútua colaboração entre os governos estadual e federal, apesar de adversários políticos.

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