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Era aqui nesta página que, até o sábado passado, o jornalista Luiz Alfredo Malucelli, o Malu, mostrava duas de suas facetas mais conhecidas: a do contador de "causos" e a do cozinheiro amador que criava e reproduzia receitas culinárias das melhores iguarias. Mas os que tiveram o privilégio de desfrutar de sua amizade e quase cotidiana presença sabem que suas qualidades iam muito além daqueles dois traços de personalidade que reproduzia na essência da "Coluna do Malu", publicada regularmente na Gazeta do Povo por décadas.

Malu não era apenas o profissional criativo e trabalhador que foi, ao longo de mais de meio século de atividade no meio, deixando marcas exemplares de competência e seriedade. Filho de tradicional família de imigrantes italianos, que fizeram de Morretes o berço de um dos mais importantes clãs do Paraná de hoje, veio ainda jovem para Curitiba, onde, do alto do seu corpo atlético e de seu metro e noventa, mostrou talento – embora por pouco tempo – como zagueiro do Britânia.

Esportista, não demorou muito para ingressar em outro setor: o de locutor e comentarista de futebol em rádio e televisão, ao mesmo tempo em que se revelava desde cedo como um publicitário predestinado ao sucesso – qualidade que o levou a ocupar sucessivamente a direção comercial dos mais importantes veículos de comunicação do estado, dentre os quais, por 15 anos, a Rede Paranaense de Televisão, a atual RPCTV.

Nada, porém, lhe era mais importante que a convivência com os amigos, inúmeros, que costuma reunir quase semanalmente na pequena chácara que mantinha em Bateias (Campo Largo), em torno dos pratos que preparava com esmero e conhecimento de causa. Prolongavam-se nessas ocasiões os papos informais nos quais prevalecia o (quase sempre) inabalável humor do Malu.

E eis aí, entre parênteses, outra faceta inesquecível do Malu: o inabalável bom humor podia facilmente ser quebrado quando, em defesa de amigos eventualmente ofendidos por terceiros, irritava-se a ponto de se preparar até para o desforço físico. Era assim: amigo é amigo, inimigo é inimigo. E, em favor dos amigos, o "Italiano" – como o chamávamos às vezes – não poupava a energia e o pavio curto próprios da etnia da qual descendia.

Malu deixará saudades. Para os leitores que não perdiam os "causos" engraçados que contava semanalmente neste espaço e colecionavam suas receitas; e, sobretudo, para os amigos, aos quais dedicava o que havia de melhor em seu espírito – a fidelidade, o respeito e um bem-querer que o levava, por não poucas vezes, a despojar-se do que era seu para ajudar os que precisavam.

Coluna escrita em parceria com Gilberto Fontoura, autor do livro Malu: histórias, receitas e muitas risadas

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