Quem estiver interessado em saber que rumo podem tomar, no Paraná, as eleições de 2012 e 2014 que passe a seguir as pegadas mais fortes que o PT começa a deixar pelo caminho. Os primeiros e mais decisivos rastros ficaram marcados na reunião noturna que o partido fez na última quinta-feira, quando uma penca dos seus mais influentes e dominantes filiados orientou para a direção que a militância deve tomar.
O pretexto do encontro promovido pela tendência Construindo um Novo Brasil a ala mais poderosa dentre as várias, à esquerda e à direita, em que se divide a legenda foi o de lançar o nome do deputado Ângelo Vanhoni como candidato à prefeitura de Curitiba. Com isso, deu o primeiro e mais forte recado: que as minorias simpáticas à candidatura própria não se alvorocem tanto nem criem dificuldades para a realização de um projeto que vai além da conquista da prefeitura em 2012.
Na verdade, o lançamento de Vanhoni serviu apenas para marcar território, sobre o qual não devem avançar as minorias que pensam em apoiar os deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri, que já há meses batalham para ocupar a vaga de candidato a prefeito pelo PT. Vanhoni, ao contrário, está ao lado dos que mandam no partido no estado e se a ordem for para que, no fim das contas, não seja candidato, ele estará disposto a obedecer.
Conquistar a prefeitura é apenas a primeira etapa do projeto maior, que é manter Dilma Roussef na Presidência por mais quatro anos e eleger a senadora Gleisi Hoffmann, atual chefe da Casa Civil, para o governo do estado. Para realizar esse projeto, o entendimento dos manda-chuvas é absolutamente pragmático: mais importante do que concorrer com um petista inviável à prefeitura é derrotar na capital o predomínio do PSDB e do governador Beto Richa.
Isto significa que a estratégia petista é a de fazer o possível para evitar a reeleição do prefeito Luciano Ducci e de colocar em seu lugar alguém que contribua para reeleger Dilma e eleger Gleisi em 2014. Até pode ser, de fato, o deputado Ângelo Vanhoni, mas a perspectiva mais forte no momento é a de sacramentar o ex-tucano Gustavo Fruet como opção preferencial.
Isso não é novidade. Desde que, há oito meses, Fruet emitiu os primeiros sinais de que não ficaria no PSDB, o PT lançou sobre ele seu olho gordo. E agora, com Fruet prestes a se filiar a uma legenda integrante da base de Dilma (o PDT, provavelmente), tornou-se ainda maior a possibilidade de o PT vir a apoiá-lo já no primeiro turno. A avaliação que se faz no momento é que ele teria mais chance de derrotar o esquema político de Beto Richa em Curitiba do que qualquer candidato próprio do PT. O que seria o primeiro e mais significativo passo para levar Gleisi ao governo e facilitar a vida de Dilma Roussef.
Com esse raciocínio concorda integralmente o deputado Ângelo Vanhoni, assim como todos os demais petistas de alto coturno que participaram da reunião de quinta-feira dentre os quais, e o mais entusiasmado, o presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek. O ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi e um dos mentores da estratégia, estava também presente mas apenas em espírito...


