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Olho vivo

Juntos

Passada a refrega interna que acabou por referendar a aliança do PT com o PDT e o apoio à candidatura de Gustavo Fruet a prefeito de Curitiba, a atenção deve se voltar agora para a fomulação conjunta de propostas de governo. Um dos principais condutores do processo que resultou na aliança, o ministro Paulo Bernardo considera ser possível a partir de agora construir um programa conjunto. "Uma maior integração entre as políticas municipais e as federais pode significar grande avanço para a cidade", afirma, principalmente em áreas como as de infraestrutura, habitação e programas sociais.

E o vice?

Enquanto Paulo Bernardo pensa em programa de governo, outras áreas do PT já se movimentam para escolher o nome que representará o PT na chapa encabeçada por Fruet. Segundo reafirma fonte da cúpula da legenda, a maioria defende o nome do deputado Angelo Vanhoni, que só não ocupará a posição se não quiser. Nesse caso, outro nome bem aceito internamente é a da presidente do diretório municipal, a ex-vereadora Roseli Isidoro. A seu favor, pesa o fato de ser mulher – hoje em dia um predicado político importante.

A reação

Mas nem tudo é tão pacífico quanto parece. Se, de um lado, Gustavo Fruet conseguiu consolidar uma frente política forte, de outro se preocupa com os efeitos sobre sua imagem e com prováveis prejuízos eleitorais. Redutos antipetistas reagem à sua aliança com o PT, lembrando seu passado como parlamentar do PSDB que combateu fortemente o governo federal, principalmente como participante das CPIs que investigaram o mensalão. Gustavo reage: "Eu combati a corrupção e não o PT, assim como fiz com a corrupção na Câmara de Vereadores de Curitiba administrada por Derosso, que é do PSDB". E completa com uma farpa: "Se fizerem as contas, esse escândalo é maior que o mensalão".

Proibição

A Justiça mandou a prefeitura parar com toda a propaganda que veiculava 26 vezes por dia nas emissoras de televisão. Enxergou nos vídeos as cores do PSB (partido do prefeito Luciano Ducci) e interpretou isso como campanha. Em compensação, Ducci vai ganhar exposição gratuita positiva: no próximo dia 15 preside audiência pública sobre o metrô e, em julho, lança o edital de licitação.

Já logo no início da sua gestão, em 2011, o governador Beto Richa atribuiu à Bíblia um ensinamento que diz seguir em sua vida pessoal e pública: pode-se perdoar o pecador, mas o pecado nunca. Nenhum exegeta encontrou algo parecido nas Escrituras, mas, como o governador acredita em tal conceito, torna-se outra vez apropriado um breve exercício de meditação sobre o que disse.

A oportunidade apareceu ontem quando, em entrevista à rádio CBN, Richa pediu perdão à Polícia Militar por ter afirmado, dias antes, ser contra a exigência de curso superior para ingresso na corporação porque, segundo ele, os detentores de diploma universitário costumam ser insubordinados e, por isso, ofereceriam resistência a obedecer ordens superiores. Logo, numa instituição que prima pela disciplina hierárquica, não seria conveniente recrutar soldados bacharéis.

O argumento do governador (que diz tê-lo ouvido de um oficial e o reproduziu sem pensar) foi apresentado como uma das justificativas para a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que encaminhou à Assembleia revogando a exigência criada por outra PEC, a de número 28, promulgada em 2010.

Seguindo a máxima de que o pecador arrependido deve ser perdoado, o pedido de desculpas foi caridosamente aceito pelos que, dentro da Polícia Militar, lutam pela exigência do curso superior. Entretanto, mantêm a outra parte do conceito defendido por Richa: o pecado não pode ser perdoado.

O pecado é manter em tramitação na Assembleia a PEC que atrasa a possibilidade de a Polícia Militar se aprimorar. Assim, o pedido de perdão não o absolve do pecado original, que, afinal, é o que está em questão.

Na contrita entrevista radiofônica, o governador reforçou outro argumento para manter sua decisão. Segundo ele, a exigência de curso superior impede que a Polícia Militar recrute soldados entre os jovens de 18 ou 19 anos que acabam de cumprir o serviço militar. Na sua opinião, além de oferecer oportunidade de emprego para estes jovens, a PM já receberia uma mão-de-obra treinada nos quartéis em que serviram.

O presidente da Amai, a associação que representa os milicianos, coronel Elizeo Furquim, contesta também este argumento: "Isto podia valer nos tempos da guerra do Paraguai, mas no século 21 a complexidade da vida social exige policiais que tenham aprendido muito mais do que dar tiro de canhão e marchar com passo certo".

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