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Olho Vivo

Prefeitura 1

A crise política em que o governo estadual naufragou vai gerar consequências na disputa pela prefeitura de Curitiba no ano que vem. Embora dê demonstrações de que não está lá muito interessado em se manter no cargo, poucos duvidam que o prefeito Gustavo Fruet deixe de se candidatar à reeleição. Suas chances de vencer são inversamente proporcionais à queda de prestígio do governador Beto Richa.

Prefeitura 2

O candidato a ser apoiado por Beto será certamente o deputado Luciano Ducci (PSB), ex-prefeito que ficou em terceiro lugar na disputa de 2012, mas ressurgiria agora com força eleitoral redobrada em razão da fragilidade de resultados da administração de Gustavo. O desgaste de Richa, no entanto, tira-lhe vitamina.

Prefeitura 3

Outro que, se quisesse, teria condições de enfrentar Fruet é Ratinho Jr., do PSC. Eleito deputado estadual com 300 mil votos, ajudou a formar a maior bancada da Assembleia, com 12 parlamentares. Na eleição municipal de 2012, fez 40% dos votos. Levado a compor o secretariado de Richa, acabou por se enredar na teia de confusões provocadas pelo chefe ao orientar seus deputados a votar de "acordo com a consciência de cada um". Dez deles tiveram a "consciência" de votar a favor de Richa. Com isso, Ratinho Jr. também perdeu vitamina.

Prefeitura 4

Quem cresceu como provável futuro adversário de Fruet foi o deputado Ney Leprevost (PSD). Contrariou a orientação do chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, que preside o partido, votando contra o pacotaço. Tirou o tubo que o ligava a Richa e ingressou na oposição, levando com a ele bem mais do que os 50 mil votos que fez em Curitiba como candidato a deputado.

Dados do Banco Central, divulgados pela Folha de S. Paulo de ontem, indicam que o Paraná fechou 2014 com um déficit orçamentário de R$ 4,6 bilhões – o segundo maior dentre as 18 unidades da federação que ficaram no vermelho. No ranking dos deficitários aparecem também nossos vizinhos sulistas – o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que, somados, fecharam o ano devendo R$ 1,1 bilhão. Isso quer dizer que o Paraná é quatro vezes "maior" do que eles.

Déficit, como se sabe, é a diferença negativa entre o que se arrecada e o que se gasta – coisa proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e com rigor ainda maior quando as dívidas são jogadas para o período administrativo seguinte, ainda que o governador, por reeleição, seja o mesmo.

A LRF prevê punições para quem assim age. Uma das penas é tornar o governante inelegível por oito anos. Mas há um detalhe: é o Tribunal de Contas que deve dizer se o déficit decorreu de negligência, imprudência ou imperícia do administrador – ou se a falência aconteceu por motivos fortuitos pelos quais o mandatário não deve ser responsabilizado.

Façamos um jogo de adivinhação com duas alternativas, sim ou não: quando julgar as contas de 2014, o Tribunal de Contas do Paraná vai desaprová-las? Sim ou não? No máximo, talvez, só apareçam algumas "ressalvas", não mais do que isso, como costuma acontecer naquela aparelhada corte de amigos.

Embora não se deva esperar que medidas legais, punitivas, venham a ser tomadas, de uma coisa pode-se ter certeza: o Paraná nunca mais será exatamente o mesmo daqui pra frente. Vai mudar um pouco, não porque as instituições e seus líderes queiram, mas por causa da turba que – politicamente instrumentalizada ou não – tomou conta do Centro Cívico na semana passada para protestar contra o tratoraço do pacotaço.

A Assembleia, por exemplo, já reconheceu que a partir de agora não mais funcionará em regime de comissão geral, não pela vontade de seu presidente, mas porque já não há deputados que queiram se submeter, outra vez, a ser levados à Casa do Povo a bordo de um camburão – ou "veículo blindado para transporte de tropas", como se, nesse caso, a vergonha passe a ser menor.

Os projetos serão examinados, discutidos, eventualmente emendados e votados nas comissões temáticas antes de chegarem ao plenário para aprovação final. Isso é mais democrático. Seria o caminho natural que deveria ter sido tomado desde a elaboração das propostas.

Agora, os deputados já sabem o que pensa a população sobre as propostas. Já conhecem, também, o poder de organização e mobilização de alguns segmentos de servidores e adjacências. A pergunta é: os senhores parlamentares aprovarão o projeto do jeito que vieram ou preferirão mudá-los ou rejeitá-los? Sim ou não?

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