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Começa oficialmente hoje a campanha do prefeito Beto Richa a governador. A festa inaugural acontecerá a partir das 10 horas num ambiente digno para a ocasião – um hotel cinco estrelas no centro de Curitiba. Segundo o juiz que indeferiu a liminar que pedia sua suspensão, a reunião constitui-se um ato interno do PSDB, sem valor legal, contra o qual não cabe à Justiça interferir.

Se é esse o caráter do evento e se ele foi montado tão somente para lançar a candidatura, parece claro que o PSDB decidiu abrir a campanha antes dos prazos previstos pela Lei Eleitoral. Fato que, por este aspecto, seria juridicamente questionável, principalmente, quando se tem em mente que o candidato a ser sagrado não renunciou ainda ao cargo que ocupa. Ele está em pleno exercício do mandato de prefeito.

Desobedece-se à lei mas cumpre-se o estranho hábito brasileiro de violá-la, já que leis foram feitas para isto mesmo – para ser violadas. Portanto, nem é isso que interessa. O que interessa é que o PSDB estadual resolveu criar um fato consumado, com três objetivos bem evidentes :

a) tirar da parada o quanto antes o outro pretendente interno, o senador Alvaro Dias, minoritário no diretório;

b) emparedar outro candidato, o também senador Osmar Dias, do PDT, que há quatro anos guardava no bolso o compromisso tucano de que receberia seu apoio; e

c) colocar em má situação, aparentemente irreversível, a direção nacional e o presidenciável José Serra, que ainda pensavam numa solução menos traumática e eleitoralmente mais eficaz.

O fato é que o gesto, legal ou não, pode produzir efeitos imediatos. Por exemplo: o de o senador Osmar Dias declarar ainda hoje, depois da reunião do PSDB, que enfrentará Beto Richa com o apoio do PT, do presidente Lula e de Dilma Rousseff.

Outra consequência, ainda bem imprevisível, poderá ser protagonizada por Alvaro Dias. Ele tem, basicamente, dois caminhos a seguir. Um é continuar lutando na direção tucana para que o resultado da reunião de hoje não seja levado em consideração, na tentativa de forçar uma decisão apenas na convenção de junho. Outro, declarar rompido o compromisso partidário de apoiar Beto e assumir o compromisso moral familiar de apoiar o irmão Osmar.

A reunião, segundo Alvaro, José Serra e o PT

Num primeiro momento, contudo, Alvaro preferiu anunciar ontem que não comparecerá à reunião de hoje. E ainda fez a própria análise das consequências do ato tucano. Mandou a borduna: "A imposição do nome do prefeito Beto Richa, de forma antecipada e ilegal, arma o palanque adversário: a) a prefeitura de Curitiba passa para as mãos do PSB, do candidato à Presidência Ciro Gomes; b) o palanque de Dilma Rousseff passa a existir com a força da candidatura de Osmar Dias; c) o PMDB certamente passará a ser a oportunidade desperdiçada; d) o PSBD reduzirá expressivamente sua bancada de eleitos para a Assembleia e Câmara dos Deputados; e) a renúncia do prefeito, sem cumprir os compromissos com a população de Curitiba, é a afronta que redundará em desgaste irreversível.

Mais efeitos, agora segundo a visão petista: nada poderia ser mais benéfico para o partido a claríssima divisão de campos que se operará a partir de hoje entre os que, naturalmente, seriam "serristas". Os petistas acham que, perdendo a esperança que acalentava de vir a ser o candidato da aliança com o PSDB e apoiar o amigo Serra, Osmar Dias não tem mais alternativa senão a de embalar-se na música lulista. O que só serve para reforçar o projeto maior de dar melhor votação para Dilma no Paraná.

Enquanto isso, a revista Veja publicava na edição que chegou às bancas ontem o que José Serra gostaria de ver no Paraná: "Lá (no Paraná), há três candidatos com chance de ganhar: o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e os irmãos Alvaro e Osmar Dias. Como tem bom relacionamento com todos, Serra sonha uni-los em uma chapa única. Com os três ao seu lado, o paulista prevê uma vitória arrasadora sobre Dilma num estado que conta com 7 milhões de eleitores. Para Serra, amarrar palanque como esse é bem mais essencial do que bater bumbo em torno de sua candidatura".

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